"Este é um ano de profunda instabilidade", afirmou, considerando que "todos estes casos que têm vindo a público põem em causa a confiança nas instituições, na democracia, põem em causa também aquele que é o diálogo parlamentar".
"Temos um Governo que o maior receio era que estivesse fechado na própria maioria absoluta, neste momento é um Governo que está perdido na sua maioria absoluta", afirmou Inês de Sousa Real, em declarações à agência Lusa a propósito do primeiro aniversário da maioria absoluta que o PS conseguiu nas legislativas de 30 de janeiro de 2022.
A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza referiu que o diálogo entre o PS e os restantes partidos "é mais pontual e menos presente" face à anterior legislatura, "porque a matemática parlamentar é outra e, neste momento, o Governo depende apenas de si próprio para fazer aprovar as suas próprias iniciativas, pelo que acaba por se repercutir também ao nível da bancada parlamentar".
"Esperamos que uma das formas que o Governo encontre de sair desta instabilidade em que está seja precisamente aproximando-se do diálogo com a oposição da Assembleia da República. E já tivemos oportunidade de desafiar o Governo para voltar aos debates quinzenais, porque esse seria um bom exemplo de mostrar que, passada esta instabilidade governativa, está disponível para dialogar, está disponível para o escrutínio, e que os portugueses poderão sempre contar com maior transparência neste mandato", defendeu.
A deputada única do PAN considerou que nesta legislatura "há mais resistência e mais dificuldade em fazer aprovar" propostas e ressalvou que aquilo que tem conseguido "são medidas em regra negociadas com o Governo no Orçamento do Estado, o que de alguma forma não é positivo para a democracia".
No entanto, Inês de Sousa Real salientou que "os vários desafios que o país enfrenta necessitam que haja respostas concretas" e defendeu que "há processos muito relevantes em curso para a sociedade", desafiando o PS a "ouvir a sociedade civil que reclama não só por medidas, como por execução".
"Os fundos comunitários que aqui vêm, ou que deveriam de estar já a entrar no nosso país, são absolutamente imprescindíveis para garantirmos a evolução do país do ponto de vista financeiro, do desenvolvimento, e não podemos continuar a ter dinheiro a ser perdido seja para fenómenos de corrupção, seja para casos e casinhos", defendeu, realçando que o "foco tem de ser nas prioridades para os portugueses, no combate à crise climática, na justiça intergeracional, na proteção animal".
Em 30 de janeiro de 2022 o PS venceu as eleições legislativas antecipadas com maioria absoluta e elegeu 120 deputados, tendo o PSD ficado em segundo lugar, com 77 parlamentares. O Chega conseguiu a terceira maior bancada, com 12 deputados, seguindo-se a Iniciativa Liberal, com oito, o PCP, com seis, o BE, com cinco, o PAN, com um, e o Livre, também com um.
Devido à repetição de eleições no círculo da Europa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apenas deu posse ao XXIII Governo Constitucional, o terceiro chefiado por António Costa, em 30 de março de 2022.
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