"Após um ano de 2020 com resultados atípicos, em que o risco de pobreza desceu substancialmente nos Açores (6,6 pontos percentuais), em 2021 -- ano de governação da inteira responsabilidade desta maioria - registou-se um forte aumento da pobreza na região, associado ao aumento da desigualdade", lembrou o deputado bloquista, durante um debate parlamentar sobre as condições de vida na região, realizado na Horta.
Segundo António Lima, os mais recentes indicadores económicos e sociais relativos a 2021 indicam que mais 25% da população dos Açores "é pobre", um aumento de 3,2 pontos percentuais: "Só a Madeira tem uma taxa superior!"
António Lima recordou que os partidos que suportam o governo chegaram ao poder após "uma campanha em que diabolizaram os apoios sociais", classificando quem recebia esses apoios como 'subsidiodependentes'.
O problema, para o BE, é que os apoios sociais "são insuficientes" para melhorar a vida dos açorianos, defendendo que os "miseravelmente baixos salários" praticados nos Açores, sejam também aumentados, incluindo o salário mínimo, para ajudar a combater a pobreza.
O vice-presidente do Governo Regional, Artur Lima, recordou que as políticas de combate à pobreza "não têm um impacto imediato" que "todos gostariam", mas sim a longo prazo, embora entenda que já há muito trabalho feito nesta área.
"Em matéria de combate à pobreza, este Governo já tem provas dadas, mas o caminho é de contínuo aprofundamento das melhores soluções para os Açores", sublinhou o governante, reconhecendo que os dados estatísticos mais recentes, representam "um desafio suplementar" que é necessário combater "com firmeza e determinação".
Artur Lima defendeu, por outro lado, a realização de um estudo científico que permita perceber as reais causas "desta problemática" e atacou o PS, que governou na região até 2020, altura em que a taxa de risco de pobreza atingiu "máximos históricos".
"Foi com o PS que esta região atingiu as maiores taxas de pobreza, as maiores desigualdades sociais, a maior taxa de desemprego e a maior taxa de sobrelotação de habitação", recordou.
Andreia Cardoso, deputada socialista e antiga secretária regional da Solidariedade Social, lamentou que, devido à governação dos últimos dois anos, "os açorianos vivam hoje pior do que em 2020", além de estarem "mais longe de ter as mesmas condições de vida e rendimento dos cidadãos deste país e da Europa".
"É urgente arrepiar caminho, é urgente agir no curto prazo, implementando medidas que respondam à emergência social e económica", afirmou.
José Pacheco, do Chega, aproveitou a ocasião para criticar a "subsidiodependência" na região, por culpa das governações socialistas.
Catarina Cabeceiras, líder parlamentar do CDS, criticou o "caos" denunciado pelo PS sobre a situação socioeconómica da região, denunciando as contradições do discurso socialistas, que antes não davam importância às estatísticas sobre a pobreza nos Açores, mas agora cavalga os números para poder atacar o governo de direita.
Também Bruto da Costa, líder parlamentar do PSD, destacou os dados estatísticos mais favoráveis para a região.
"Neste momento, os Açores têm o maior número de empregados de sempre da história da autonomia! Nunca tanto açorianos trabalharam na nossa região e tiveram emprego na nossa região!", sublinhou.
Paulo Estêvão, deputado do PPM, recordou que há também uma forma de combater a pobreza, que é através da redução dos impostos na região, recordando que foi este governo de coligação quem reduziu a carga fiscal nos Açores, quando a direita assumiu funções governativas no arquipélago.
Pedro Neves, do PAN, lembrou que os açorianos "perderam poder de compra", defendendo que seja através do aumento de ordenados, que se deve combater, de uma forma eficaz, a pobreza na região.
"Com o cabaz alimentar, com a taxa de inflação, as pessoas não têm as mesmas condições financeiras", observou.
Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, diz que só se combate as causas da pobreza, criando riqueza e não injetando dinheiro nos problemas.
"Se nós continuarmos a ter setores económicos dependentes do Orçamento, o problema não se resolve", advertiu o parlamentar liberal, lamentando que o executivo continue a atribuir apoios financeiros a empresas "subsidiodependentes".
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