Medina "diminuído" e o fim "inevitável". As reações à reviravolta na TAP
O Governo fala num "virar de página" para a companhia, mas os partidos políticos consideram que ainda há pontas soltas na polémica que envolve a TAP. Confira todas as reações à divulgação do relatório da IGF.
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Política IGF
Depois de o Governo ter anunciado, na segunda-feira, que o relatório da Inspeção Geral das Finanças (IGF) concluiu que o acordo celebrado para a saída de Alexandra Reis da TAP é nulo, os partidos políticos reagiram sem surpresa ao facto de a ex-administradora ter de devolver parte da indemnização que recebeu nessa ocasião.
Na sequência das conclusões do relatório, o Governo exonerou o presidente do Conselho de Administração e a presidente executiva da TAP, Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener, e anunciou que escolheu Luís Silva Rodrigues, que atualmente lidera a SATA, para assumir ambos os cargos.
No entanto - apesar de o ministro das Finanças olhar para o momento como um "virar de página" para a companhia - os partidos com assento parlamentar não consideraram que o assunto esteja fechado, questionando se o ministério das Finanças e o administrador financeiro da TAP tinham conhecimento da indemnização de 500 mil euros atribuída à ex-administradora da TAP... Ou que outras irregularidades terão sido cometidas por esta administração.
Partido Social Democrata (PSD)
O presidente do PSD acusou o Governo de "sacudir a água do capote" e "arranjar bodes expiatórios" ao demitir os responsáveis da TAP e defendeu que o ministro das Finanças está "diminuído de autoridade politica e credibilidade".
"O Governo ao fazer cessar de funções o presidente do Conselho de Administração e a presidente executiva da TAP quer, no fundo, sacudir a água do capote, quer arranjar bodes expiatórios para uma responsabilidade politica que é sua, nomeadamente do senhor ministro das Finanças", acusou Luís Montenegro, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, à margem de uma sessão do Clube dos Pensadores.
Antes do líder do partido, já o vice-presidente Miguel Pinto Luz tinha afirmado, em conferência de imprensa, que o PSD "não se dá por satisfeito com estas demissões e insistirá nas idas da CEO e do chairman da TAP à comissão de inquérito sobre a TAP no Parlamento".
Chega
O presidente do Chega foi o primeiro a reagir às conclusões do relatório, sublinhando que a CEO de TAP, agora demitida, não tinha condições para continuar no cargo. "Nós dissemos, desde o dia 1, que a CEO da TAP não tinha condições para continuar e que isto estava a prejudicar gravemente o interesse nacional", notou André Ventura.
Bloco de Esquerda (BE)
O Bloco de Esquerda considerou hoje que as exonerações na TAP eram um "desfecho inevitável", mas considerou que ainda há explicações a dar, em particular sobre a responsabilidade do ministério das Finanças.
A deputada Mariana Mortágua considerou que os "atos lesivos" praticados até agora pela administração da TAP "têm de ser passados a pente fino". Até porque, na ótica da candidata à liderança do BE, "há indícios de que esta administração toma decisões contra os interesses da TAP e cometendo, até, algumas irregularidades".
Iniciativa Liberal (IL)
O líder da IL, Rui Rocha, defendeu, na segunda-feira, que deve haver um "julgamento político" sobre a gestão da TAP, acusando o primeiro-ministro, António Costa, de ser o "grande responsável político" pela situação da companhia aérea.
"António Costa é o grande responsável político por toda esta situação. Como a IL tem dito desde do início, muitas vezes sozinha e não acompanhada, estamos perante uma péssima decisão política que foi a renacionalização da TAP", afirmou Rui Rocha, em declarações à comunicação social na cidade açoriana da Horta.
Livre
Já o Livre defendeu que a questão legal que envolvia este caso parece ter ficado clarificada. "Com o anúncio do relatório, a questão legal parece ter ficado esclarecida, com a identificação da nulidade do acordo que foi celebrado. A questão ética era para nós também já clara", frisou o dirigente do Livre e membro do Grupo de Contacto (direção) do partido Paulo Muacho, em declarações aos jornalistas.
Partido Comunista Português (PCP)
O PCP considera que as decisões do Governo na sequência do relatório da Inspeção-Geral das Finanças sobre a TAP eram "uma inevitabilidade", mas defende que é preciso saber se há outros casos como o de Alexandra Reis.
O deputado Bruno Dias defendeu que é preciso saber "quantas Alexandras Reis mais poderão existir", uma vez que o relatório atual da IGF só abordou o caso em concreto da indemnização de 500 mil euros da ex-secretária de Estado, acrescentou: "Estávamos perante uma prática verdadeiramente inaceitável, perante uma ilegalidade que tinha de ter uma consequência", atirou.
Pessoas–Animais–Natureza (PAN)
Também a líder do PAN, Inês Sousa Real, referiu que é preciso saber se este é um caso "único ou se existiram mais indemnizações a serem pagas aos gestores da TAP".
O PAN defendeu que o Governo não pode querer "fechar o ciclo" da indemnização atribuída a Alexandra Reis sem que sejam apuradas as consequências políticas do caso e prometeu que irá questionar, por escrito, o executivo.
Partido Socialista
Já para o Partido Socialista (PS), o relatório demonstra que houve "responsabilidades do ponto de vista da gestão" sobre a indemnização e saída da ex-secretária de Estado Alexandra Reis da TAP.
"Ficou claro que havia responsabilidades do ponto de vista da gestão, da forma como indemnização foi feita e na forma como saída a de Alexandra Reis foi construída e o Governo tomou as decisões que tinha que tomar", referiu em declarações à agência Lusa o deputado socialista Carlos Pereira.
Leia Também: O relatório que causou a reviravolta na TAP. Leia o documento na íntegra
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