O eurodeputado do PSD Paulo Rangel criticou esta terça-feira, no Parlamento Europeu, a atitude do presidente francês Emmanuel Macron, cujas declarações na sua visita a Pequim continuam a dar que falar na política europeia.
Num debate intitulado 'A necessidade para uma estratégica coerente para as relações UE-China', Rangel recordou que "as relações entre Portugal e a China são as mais antigas e as mais duradouras de qualquer Estado europeu", mas avisou que estas relações não são absolutas.
"Sabemos muito bem a importância do diálogo e das relações comerciais com a China. Mas a amizade sem limites com a Rússia, a agressividade e as ameaças a Taiwan, o tratamento dos uigures, são questões que têm de estar na nossa agenda de relacionamento com a China", afirmou o eurodeputado social-democrata, acrescentando que a União Europeia deve enfrentar essas ameaças, "tendo a atitude que teve a presidente [Ursula] von der Leyen, e não a atitude neutral do presidente [Emmanuel] Macron.
As relações UE-China têm de assentar na defesa dos direitos humanos, da ordem internacional e no respeito do princípio da integridade territorial. Com o aumento das tensões geopolíticas, mais do que nunca, a 🇪🇺 tem que mostrar coerência e firmeza!@EPPGroup @ppdpsd pic.twitter.com/99q6pFNoX0
— Paulo Rangel (@PauloRangel_pt) April 18, 2023
Rangel, que é vice-presidente do Partido Popular Europeu (grupo que junta o centro-direita e direita cristã europeia, nomeadamente o PSD e o CDS-PP) e membro de algumas comissões parlamentares relacionados com relações diplomáticas e direitos humanos, referia-se à visita de Emmanuel Macron à China, marcada pelas declarações polémicas do líder francês.
Na sua visita a Pequim, na semana passada, enquanto a China acelerou os seus exercícios militares em torno de Taiwan, Macron adotou uma visão neutralista e afirmou que a Europa deve manter-se afastada da questão da soberania da ilha, algo que não tem sido bem acolhido pelas autoridades europeias.
Rangel acrescentou que quer uma "autonomia estratégica para a Europa, mas o nosso rival sistémico não são os Estados Unidos".
"O nosso rival sistémico é a China. A autonomia, portanto, não é uma terceira via. A Europa só será verdadeiramente uma entidade com autonomia estratégica se for uma Europa atlântica, uma Europa que cultiva os valores euro-atlânticos", afirmou o eurodeputado, reiterando que o bloco europeu deve ter uma "uma posição firme, de defesa da ordem internacional, da integridade de Taiwan e dos direitos humanos".
Também esta terça-feira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrel, afirmou que "Taiwan é crucial" para as relações europeias, constatando que a região entre a China continental e a nação sob ameaça "é o estreito mais estratégico do mundo, especialmente no que diz respeito ao comércio".
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