"Destino europeu de António Costa é talvez a menor das preocupações"

Líder da Iniciativa Liberal defende que é preciso foco nos "problemas" do país, nomeadamente no que diz respeito aos impostos.

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Carmen Guilherme
29/06/2023 10:09 ‧ 29/06/2023 por Carmen Guilherme

Política

IL

Rui Rocha defendeu, esta quinta-feira, que o "destino europeu" de António Costa "é a menor das preocupações" dos portugueses e da Iniciativa Liberal (IL), acrescentando que o "mais importante" é a situação do país, nomeadamente a "urgência" de reduzir a carga fiscal.

Em Bruxelas, à margem da cimeira do Renovar a Europa, o líder da IL foi interrogado sobre se iria aproveitar a ocasião para esclarecer uma possível saída do primeiro-ministro para um cargo europeu, apesar de António Costa já ter recusado esta possibilidade

"Eu diria que para os portugueses o destino europeu de António Costa é talvez a menor das preocupações. Aquilo que é muito importante é a situação do país e é sobre isso que a Iniciativa Liberal está muito preocupada, por um lado, e muito concentrada", começou por dizer. 

O liberal aproveitou para relembrar que amanhã terá lugar no Parlamento um debate sobre Saúde requerido pela IL e atirou: "O Governo há um ano que anda a prometer que os problemas se irão começar a resolver e aquilo que vemos é que estão igual ou pior em muitas áreas".

"Para ser totalmente franco, interessa-me muito o destino daquilo que é a situação portuguesa. O papel de António Costa nessa matéria não tem sido o mais favorável para Portugal, tem tido um protagonismo em muitas das coisas que correm mal, é o principal responsável porque está há oito anos no poder. Essa é a preocupação da Iniciativa Liberal, apresentar soluções para os problemas dos portugueses", apontou.

Face à insistência sobre o tema, Rui Rocha acabou por dizer que dá "pouco valor aos compromissos" de António Costa, numa referência ao facto de o chefe do Governo socialista ter esclarecido que não estava disponível para cargos europeus.

"Primeiro comentário que fiz sobre essa situação foi que, tendo António Costa desmentido essa situação, então era muito provável que ele estivesse mesmo interessado. O primeiro-ministro gosta de dizer 'palavra dada palavra honrada', mas depois a prática dos últimos anos tem sempre sido em sentido contrário. Portanto, eu dou pouco valor aos compromissos de António Costa, seja em matéria europeia, seja noutras matérias", afirmou.

"Foquemo-nos nos interesses do país, o destino de António Costa é uma coisa que só a ele lhe diz respeito, o interesse de Portugal está primeiro", acrescentou.

Já sobre as mais recentes palavras da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e numa altura em que se espera uma nova subida das taxas de juro, Rui Rocha frisou que "temos uma situação do ponto de vista do equilíbrio das nossas contas, que continua a ser frágil" e isso tem "consequências".

"Estamos mais expostos a movimentos de subidas de taxas de juro. É de facto um problema para Portugal", disse.

Apontando que "não faz muito sentido, como Lagarde fez, estar a expor publicamente de quem é a culpa", Rui Rocha admitiu que "para o bem ou para o mal, a capacidade de Portugal influenciar a política de taxas do BCE é relativamente reduzida".

Assim, defendeu: "Agora, há uma coisa que nós temos capacidade de influenciar internamente que é, nomeadamente, a questão dos impostos".

"Temos superado recordes de tributação, nomeadamente rendimentos sobre o trabalho. Continuamos a ter um Governo que arrecada recordes, também, em termos de impostos, e os portugueses estão com problemas", criticou.

"Aqui sim, é onde nós podemos atuar, onde o país tem capacidade de atuação direta", reiterou.

Desta forma, o líder da IL disse que é "uma urgência nacional" que a carga fiscal "seja reduzida". "É isso que a Iniciativa Liberal tem defendido, é isso que continuaremos a defender com muita veemência porque não faz sentido que haja cada vez mais dinheiro nos cofres do Estado e cada vez menos dinheiro nos bolsos dos portugueses", rematou sobre o tema.

De notar que Rui Rocha foi ainda questionado sobre as intenções da IL para as eleições europeias de 2024. O liberal afirmou que o partido tem "muito boas expectativas relativamente ao processo eleitoral que decorrerá daqui a um ano".

"Estamos agora na rampa de lançamento desse processo para depois podermos apresentar aos portugueses as nossas ideias", disse, recordando ainda que o objetivo da IL é "eleger o primeiro deputado europeu da Iniciativa Liberal".

"Obviamente somos um partido ambicioso, esse é o objetivo a que nos propusemos, mas faremos tudo para que não tenhamos apenas um deputado europeu", concluiu.

[Notícia atualizada às 11h43]

Leia Também: Subida das taxas de juro? "Estamos muito próximos de 'pausar'"

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