Paulo Moniz, deputado do PSD, reagiu esta manhã ao relatório à Comissão de Inquérito à TAP, considerando que houve muitos episódios relevantes que foram omitidos. Por esse motivo, anunciou que o PSD "vota contra" o relatório que considera ser "levinho e à medida do PS".
Para o social democrata, “quem leu o relatório não se revê naquilo que viu e ouviu nas audições”. Segundo este, esta terá sido uma das Comissões de Inquérito mais acompanhadas e onde se fez uma “análise até à exaustão” da gestão da TAP, algo que não fica patente no relatório.
Paulo Moniz diz que “ficou claramente branqueado” a “ingerência do Governo na atividade da TAP” e que “branquear esses fatos é de uma ligeireza que tem o objetivo de o senhor primeiro-ministro dizer que não tem necessidade de retirar conclusões políticas”.
O deputado fez lembrar que um dos aspetos que não consta no relatório e que decorreu no decurso da própria CPI “foi o infeliz episódio de um governo ter indicado os Serviços de Informação para fazer a recolha do PC” de Frederico Pinheiro.
“Este facto, que é um facto muito grave , é apagado deste relatório. Como se pode entregar o relatório omitindo este facto?”, questionou.
"São razães bastas para que o PSD vote contra este relatório e que não se possa rever contra esta tentativa de salvar novamente aquilo que não tem salvação no governo de António Costa", afirmou, referindo-se à demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e dando conta que o seu partido irá apresentar por escrito "as suas conclusões" da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.
Estas decisões do PSD foram anunciadas aos jornalistas na Assembleia da República, após a conferência de imprensa de apresentação da versão preliminar do relatório, da autoria da deputada do PS Ana Paula Bernardo.
"É um relatório levinho feito à medida do PS", atirou.
Sobre a questão da ingerência política, Paulo Moniz disse que a saída de Alexandra Reis "foi um processo muito acompanhado, continuamente acompanhado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, com a anuência do ministro, com um pedido para baixar o valor da indemnização, com diversas interações das condições principais desta demissão".
"Portanto, todas as análises e o acompanhamento político e a anuência e a ingerência foi patente até à exaustação no decurso das audições, e isto está claramente branqueado no que é o relatório", defendeu.
Para o PSD, "o problema da frota automóvel, o querer alterar a viagem do senhor Presidente da República, o impedir declarações públicas no âmbito da apresentação do relatório e contas" são exemplos de "um nível de ingerência diário na gestão da companhia" e a deputada relatora optou por "branquear estes factos, que foram ditos com a maior clareza nas audições".
Quanto ao recurso aos serviços de informações, Paulo Moniz sustentou que é sinal "da confusão e da ingerência entre o Estado e o Governo e o PS" e questionou "como é que se pode enviar" para o Ministério Público "um relatório omitindo este facto que é de uma gravidade extrema".
A versão preliminar do relatório da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à tutela política da gestão da TAP, da autoria da deputada do PS Ana Paula Bernardo, foi entregue à Assembleia da República (AR) na terça-feira, pouco antes da meia-noite.
Nele conclui-se que não existiu ligação entre a saída de Alexandra Reis e a sua nomeação para presidente da NAV, nem pressão ou intervenção política por parte das tutelas.
Nas conclusões, a deputada refere que "não se registam situações com relevância material que evidenciem uma prática de interferência na gestão corrente da empresa por parte das tutelas".
A apreciação do relatório em plenário da AR deverá acontecer a 19 de julho, na última reunião com votações desta sessão legislativa, e os partidos podem apresentar propostas de alteração em comissão até ao próximo dia 10.
[Notícia atualizada às 13h03]