Capitão Ferreira "não tinha condições", mas culpa é "do general" Costa
Iniciativa Liberal atirou também farpas ao atual ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
© Paulo Alexandrino/Global Imagens
Política Iniciativa Liberal
Face ao pedido de demissão apresentado pelo secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, o deputado da Iniciativa Liberal Rodrigo Saraiva considerou, esta sexta-feira, que nem o responsável, nem o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, tinham "condições para entrar no Governo". O parlamentar ressalvou, contudo, que a culpa é "do general", numa referência ao primeiro ministro, António Costa.
"Para nós é muito óbvio que isto é mais um caso que o Partido Socialista (PS) não aprende nem se arrepende. Era óbvio que Marco Capitão Ferreira e João Gomes Cravinho, atual ministro dos Negócios Estrangeiros, não tinham condições para sequer ter entrado neste Governo. Já o tínhamos dito e isto vem agora comprovar", disse, em declarações aos jornalistas, a partir da Assembleia da República.
E foi mais longe: "Houve o episódio da questão do Hospital Militar de Belém e a derrapagem de dinheiro dos contribuintes que isso levou, um relatório que o ministro ocultou, uma série de episódios. E, depois, houve a teia de corrupção no âmbito do Ministério da Defesa, que envolvia o nome de Alberto Coelho que, depois de ter sido demitido de diretor-geral, foi nomeado para a EMPORDEF."
"Quem é que sugeriu o nome de Alberto Coelho a Gomes Cravinho? Marco Capitão Ferreira", atirou.
O deputado recordou que, depois, surgiu o caso da assessoria fantasma associado ao secretário de Estado demissionário, tendo a Iniciativa Liberal sido o primeiro partido a questionar o Governo, "que respondeu que o contrato foi executado".
"Estamos a falar de um trabalho com uma minúcia técnica muito grande, aquisição de material militar, que foi executado em cinco dias e pago na totalidade. Onde estão as provas?", disse, lançando que o pedido de demissão se trata de "uma fuga para a frente".
Ainda assim, o líder da IL considerou que "o problema aqui não é de um capitão, o problema aqui é de um general", referindo-se a António Costa, "que não aprende nem se arrepende".
"Este Governo é incapaz, é incompetente e é instável, e este é mais um episódio da instabilidade que graça no Governo", complementou, apelando por explicações não só por parte do próprio secretário de Estado, como da ministra da Defesa, Helena Carreiras, que "mostrou confiança" naquele membro do Governo, além do primeiro-ministro, o "general".
De notar que o primeiro-ministro propôs a exoneração de Marco Capitão Ferreira ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esta sexta-feira, na sequência de um pedido do próprio. Em causa está um contrato de assessoria assinado a 25 de março de 2019 com a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN).
Hoje, o Expresso noticiou que o secretário de Estado admitiu Miguel Fernandes, ex-administrador do Alfeite, para assessor da administração da 'holding' da Defesa, IdD - Portugal Defence, mas o gestor nunca foi visto a exercer funções nesse local.
Sublinhe-se que, depois de a ministra da Defesa ter dito que o responsável estava disponível para prestar esclarecimentos perante a Assembleia da República, o Parlamento aprovou, na quarta-feira, uma audição para o efeito requerida pelo Chega, com a abstenção do PS.
De notar ainda que, na resposta à bancada liberal, Marco Capitão Ferreira negou ter acumulado os dois cargos e detalhou que a prestação de serviços à DGRDN, segundo o contrato, cessaria os seus efeitos caso terminasse o prazo ou fossem concluídos "os serviços contratados".
Neste caso, indicou o secretário de Estado, os serviços foram concluídos quatro dias depois do início do contrato, "tendo o recibo por essa prestação de serviços sido emitido no final de março".
As funções na EMPORDEF SGPS foram iniciadas a 29 de abril de 2019, acrescentou o governante.
Quanto à assessoria, foi realizada no âmbito da negociação dos contratos FISS2+ e FISS3 - contratos associados à gestão da manutenção dos helicópteros EH-101 para garantir a continuidade da operação das aeronaves no âmbito das críticas operações de Busca e Salvamento e Evacuações Médicas".
"A proposta emergente dessa negociação resultou no processo enviado, pela DGRDN, para visto prévio do Tribunal de Contas nos termos da lei em vigor, a 29 de março de 2019", ou seja, quatro dias depois do início da vigência do contrato, lê-se na resposta escrita enviada aos deputados.
[Notícia atualizada às 11h01]
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