No Pontal, Montenegro alinhou as agulhas para o próximo ano
Celebrou-se, na noite desta segunda-feira, mais uma edição da festa do Pontal, onde o líder do PSD lançou as linhas gerais do próximo ano, por entre críticas ao Governo socialista.
© Notícias ao Minuto
Política Pontal
Pela segunda vez como líder do Partido Social-Democrata (PSD), Luís Montenegro liderou a rentrée política ‘laranja’ no calçadão de Quarteira, na mítica Festa do Pontal, esta segunda-feira.
Montenegro chegou com pompa e circunstância, acompanhado, surpresa das surpresas, do antigo presidente do partido Luís Marques Mendes e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas. A presença não estava anunciada, mas também não causou grande surpresa. Afinal de contas, Moedas surfa ainda a onda de sucesso da Jornada Mundial da Juventude.
Isso sim, de Passos Coelho, que, no ano passado, ‘ofuscou’ Montenegro, nem sinal, apesar de alguma expectativa que o antigo primeiro-ministro pudesse aparecer.
O sol ia-se pondo e, à medida que os militantes e dirigentes do PSD se sentavam à mesa para comer e beber, os dirigentes regionais do Algarve discursavam. Por entre beijos e abraços, cumprimentos amorosos, reforçava-se o papel do autarca lisboeta no seio do partido, ainda graças ao sucesso da JMJ. Marques Mendes, que já liderou as hostes ‘laranjas’, ganhava também créditos, de ‘selfie’ em ‘selfie’, sempre lado a lado com Montenegro e Moedas.
Nos ‘bastidores’, o secretário-geral Hugo Soares e o presidente da bancada parlamentar Joaquim Miranda Sarmento iam limando as pontas, assegurando-se que tudo corria bem.
O momento alto da noite chegou, no entanto, por volta das 20h30, quando Luís Montenegro tomou o púlpito para anunciar as linhas gerais do projeto político do PSD para o próximo ano.
Militantes e membros do partido tropeçavam - literalmente - para acompanhar Montenegro a caminho do palco.
O sol pintou-se de laranja para ouvir o líder social-democrata anunciar uma promessa ambiciosa, por entre fortes críticas à governação socialista: um corte de 1.200 milhões de euros de IRS.
Uma medida para tornar o sistema fiscal mais equitativo, dizem os sociais-democratas, saudando ainda os seus militantes e membros com outras propostas contundentes: um IRS máximo de 15% para os jovens até aos 35 anos e uma atualização dos escalões do IRS em função da inflação.
Isso e a não tributação de prémios de desempenho ou de produtividade (até 6% do salário, tanto na Administração Pública como nos privados), e uma lei que leve o Parlamento a determinar o que deve ser feito com excedente da receita fiscal obtido no início do ano.
Montenegro acusou, no seu discurso de 40 minutos, o Governo de António Costa de ser “imoral”, uma “bandalheira” e “recordista dos impostos”.
”Há oito anos…” foi início de frase que se repetiu várias vezes no discurso, acusando Montenegro uma deterioração do país durante a governação socialista.
No público, que a olho nu não parecia bater aquele que compareceu ao calçadão de Quarteira em 2022, os sociais-democratas acenavam, atirando outras críticas - mais fortes ainda - aos socialistas.
Isso sim, fora das palavras mais contundentes de Montenegro ficaram temas como a habitação e a educação.
“Se repararmos aquilo que foi a vida do país nos últimos anos, temos de concluir que, com António Guterres e António Costa, o país acabou num pântano, com Sócrates e António Costa o país acabou na bancarrota. E, agora, com António Costa e os seus delfins, o país está numa das zonas mais problemáticas em termos de empobrecimento dentro da União Europeia", disparou o líder social-democrata.
Montenegro falou, prometeu e criticou… e, no fim, ainda arranjou tempo para visitar a “varanda mais social-democrata do Algarve”. Referia-se a uma varanda num dos edifícios frente ao recinto do Pontal, aperaltada com bandeiras do PSD, a qual o líder social-democrata prometeu visitar no ano passado. Promessa cumprida, Montenegro saudou o Pontal, minutos mais tarde, desde essa mesma varanda.
Montenegro “fez bem”
Em declarações ao Notícias ao Minuto, a vice-presidente da bancada social-democrata Catarina Rocha Ferreira considerou que foi “um balanço bastante realista sobre o estado do país e da governação socialista”, que “tarda em agir quando é necessário e não se conhece qualquer projeção estrutural para o futuro”.
“Nesse sentido foi assertivo ao afirmar que o resultado do socialismo é um país sem futuro. Nem os jovens mais qualificados cá conseguem ficar, o que é bastante preocupante”, disse, realçando outro aspeto, “o mais relevante”:
“O facto de o líder do PSD não pretender apenas apontar o dedo à governação socialista, mas apresentar soluções concretas para dar o futuro aos portugueses que este governo se mostra incapaz de dar, o que se consubstanciou com a apresentação de uma proposta global de reforma do sistema fiscal.”
Catarina Rocha Ferreira lamenta que “nunca em Portugal se pagaram tantos impostos e com o serviço público em clara agonia e “é evidente que este caminho não pode continuar”.
Na sua perspetiva, “fez bem o presidente do PSD em lançar hoje uma proposta global de reforma do sistema fiscal para que o país possa ser apelativo”.
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