Nas declarações políticas que hoje decorreram na Comissão Permanente da Assembleia da República, comunistas e bloquistas trouxeram ao debate um tema que tem marcado este início do mês de setembro, tendo em conta os relatos de famílias que não conseguem vagas nas creches.
"Começou outro setembro e continuamos sem creches gratuitas para todos. Aliás, pura e simplesmente sem creches suficientes. Ao longo destes seis meses em que aqui estive como deputado do PCP, perguntei vezes sem conta à senhora ministra do Trabalho como ia ser quando aqui chegássemos", disse Manuel Loff na sua intervenção, na qual aproveitou para se despedir do lugar de deputado que vai deixar dentro de dias e que assumiu em março em substituição de Diana Ferreira.
Segundo o comunista, o Governo tem consciência que, para conseguir dar resposta a todas as crianças até aos três anos, tem que "duplicar o número de vagas disponíveis, passando das atuais 120 mil para 250 mil".
"Nas tarefas sociais do Estado, o Governo do PS continua a fazer mais do mesmo, a remediar, quase sempre mal, problemas que são estruturais que não se resolvem com medidas pontuais", criticou, apontando ainda o dedo ao executivo de António Costa pelos vários problemas na escola pública, no ensino superior ou no Serviço Nacional de Saúde.
Pelo BE, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares considerou que se está a assistir ao que era anunciado, ou seja, um "desastre nas creches".
"O Governo falhou. O Governo prometeu e não cumpriu e não foi por falta de aviso", acusou.
Segundo o bloquista, o executivo do PS prometeu creches gratuitas, mas não há sequer vagas suficientes para a procura, lamentando esta ausência de resposta na primeira infância que representa, entre outros problemas, "mais uma forma de empobrecimento".
Depois de considerar que não foi feito o que era necessário para garantir estas vagas, Pedro Filipe Soares deu como exemplos a ausência de integração das amas da Segurança Social e a circunstância de o Governo continuar a impedir as autarquias de dar uma resposta pública.
"Todos dizem que há uma folga. Só não dão folga às famílias", atirou.
Já o Livre, pela voz do deputado único Rui Tavares, centrou a sua intervenção no ensino superior e na investigação, apontando "a lástima" que representa a possibilidade de alguns dos alunos que entraram na universidade perderem essa oportunidade por causa do aumento do custo de vida, das propinas ou das dificuldades de alojamento.
Pelo PAN, a deputada única Inês Sousa Real alertou, na sua declaração política, para as ameaças à biodiversidade e citou António Guterres nos alertas para o "colapso climático", criticando que "à custa de 15 projetos de construção de centrais fotovoltaicas em análise no âmbito do processo de consulta pública, mais de 4400 hectares de zonas naturais estão em risco de ser destruídos".
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