Habitação? Bancos "irão agradecer e aplaudir estas decisões", diz PCP

O PCP considerou hoje que as medidas anunciadas pelo Governo para os créditos à habitação são "insuficientes e injustas", alegando que os bancos vão "agradecer e aplaudir" pois "continuam a ganhar com os sacrifícios" das famílias.

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Lusa
21/09/2023 18:02 ‧ 21/09/2023 por Lusa

Política

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"Face a estas medidas anunciadas pelo Governo, é uma evidência que aqueles que certamente irão agradecer e aplaudir estas decisões são os donos e os administradores dos bancos, que continuam a ganhar com os sacrifícios do povo", afirmou o deputado Bruno Dias em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

O comunista considerou que as medidas aprovadas pelo Conselho de Ministros para ajudar as famílias a mitigar o impacto da subida das taxas de juro do crédito à habitação são "insuficientes, injustas e que, ao cabo de dez aumentos sucessivos das taxas de juro, pecam por tardias".

"Estamos perante uma opção que é, no fundo, proteger e defender a banca que já está a ganhar 11 milhões de euros por dia, perante o que é apresentado à população como uma redução, teoricamente, da prestação que é paga ao banco, mas os pagamentos são adiados e aqueles que são aparentemente reduzidos terão de ser pagos integralmente mais tarde, de forma acumulada, ao banco", indicou.

O deputado do PCP apontou que "isto significa poupança zero para as famílias e lucros por inteiro para os bancos" e defendeu que "a medida que se impõe como urgente, justa e necessária não é a subsidiação indireta aos lucros da banca, mas sim colocar os bancos a pagar com os seus lucros aquilo que é o impacto do aumento das taxas de juro, contribuindo com uma diminuição proporcional no pagamento ao banco".

Bruno Dias afirmou que "aqueles que estão a ganhar com esta situação dramática deviam ser chamados a contribuir para essa resposta e solução" e que esta medida "já devia ter sido tomada", desafiando o Governo a ter a "coragem política de enfrentar os interesses do poder económico".

O dirigente comunista considerou igualmente que a Caixa Geral de Depósitos devia "ser chamada a intervir no mercado bancário, com a diminuição substancial dos 'spreads' praticados", outra das propostas do PCP.

O deputado criticou ainda o "silêncio revoltante e incompreensível do Governo relativamente à situação dramática que as populações enfrentam no que diz respeito ao arrendamento" e acusou o executivo de "abandono dos inquilinos e daqueles que enfrentam a ameaça de poderem ficar sem casa, ou que já hoje estão sem casa, e que exigem e precisam dessas respostas".

"Para o PCP, a situação é muito clara. Não é possível responder aos problemas da habitação em Portugal sem ter a coragem política de enfrentar os interesses mais poderosos do poder económico, desde logo no que diz respeito à banca e aos fundos imobiliários", salientou, considerando que "em vez de estar a salvaguardar e garantir os lucros dos bancos e a sua proteção para o futuro, o que é preciso é proteger as pessoas, enfrentando e colocando os bancos a serem chamados a contribuir para a resposta necessária".

O Conselho de Ministros aprovou hoje medidas sobre o crédito à habitação para ajudar as famílias a mitigar o impacto da subida das taxas de juro, entre elas, uma medida que garante que a taxa de juro não ultrapassa 70% do indexante (Euribor) e outra que alarga de 720 para 800 euros o apoio à bonificação dos juros do crédito à habitação.

O Governo mantém ainda a suspensão da comissão por reembolso antecipado do empréstimo da casa, até ao final de 2024.

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