"Quero deixar claro, olhos nos olhos, após conversa que tive há minutos com o novo líder parlamentar do Chega da Madeira, o Miguel Castro, que o Chega está indisponível para fazer qualquer acordo, qualquer coligação, qualquer entendimento com Miguel Albuquerque", disse André Ventura, numa declaração aos jornalistas na sede nacional do Chega, em Lisboa.
Após conhecidos os resultados das legislativas na região autónoma, onde a coligação PSD/CDS falhou a maioria absoluta (24 deputados), Ventura defendeu que, em nome da "verdade e da coerência em política, Miguel Albuquerque deve demitir-se das suas funções de presidente do Governo Regional e de líder do PSD/Madeira, com efeitos imediatos".
"Em política, as palavras têm de ter consequências", defendeu, lembrando que o dirigente social-democrata disse que recusaria governar e se demitiria da liderança do PSD/Madeira caso a coligação que liderou não conseguisse maioria absoluta.
O presidente do Chega voltou a referir que "o Chega nunca mais terá acordos parlamentares com o PSD, porque este sistematicamente incumpre com a sua palavra", e afirmou que um eventual futuro entendimento com o PSD após a saída de Albuquerque "não é uma questão para se colocar em Lisboa, mas no Funchal".
"O Chega Madeira terá agora que definir esses passos", assinalou, indicando que a estrutura regional do partido "terá autonomia para decidir", rejeitando falar de "linhas vermelhas".
André Ventura insistiu que o "qualquer possibilidade de solução de estabilidade está dependente de uma condição, a demissão do presidente do Governo Regional da Madeira".
Se não o fizer, "poderá procurar os apêndices habituais", acrescentou, apontando que a escolha é entre "apêndices temporários, cirúrgicos" e a "estabilidade política que tem condições".
"Nós não passamos cheques em branco e temos exigência e coerência", salientou.
Depois de ter estado vários dias na Madeira, onde fez campanha ao lado do cabeça de lista, Miguel Castro, André Ventura acompanhou a evolução dos resultados eleitorais em Lisboa, juntamente com vários deputados do partido.
Rejeitando as críticas sobre ter estado "demasiado presente" na campanha, Ventura desafiou aqueles "que só lá foram no último dia" a tirarem as "consequências da razão pela qual como dois partidos, e não um só, perdem uma maioria histórica numa região".
Questionado se o presidente do PSD, Luís Montenegro, deverá também tirar consequências deste resultado, Ventura defendeu que "quem imediatamente foi para a Madeira procurar cavalgar uma maioria para ter uma única vitória e foi destratado pelos próprios dirigentes do PSD/Madeira, quem foi para a Madeira para poder ter uma única vitória e essa vitória não acontece, eventualmente tiraria consequências".
"Eu, se fosse presidente do partido, colocaria o meu lugar à disposição dos seus militantes", indicou.
Na sua declaração, o presidente do Chega saudou o povo madeirense, que "fez uma escolha clara, uma escolha de não continuidade face aos resultados de uma maioria que vinha há quatro anos a desgastar a região" e tirá-la do "circuito do desenvolvimento, do progresso e da justiça".
E salientou a "coragem, a firmeza, a tenacidade daqueles que na Madeira, compondo o Chega Madeira, nunca desistiram e entenderam até ao fim que esta eleição iria significar mudança".
André Ventura considerou que a condição para que a "mudança se conclua e outras negociações possam ser possíveis, é a saída de Miguel Albuquerque", que "não conseguiu garantir uma primeira nem uma segunda maioria".
O líder do Chega acusou também o presidente do Governo Regional de fazer "chantagem ao povo madeirense e porto-santense".
[Notícia atualizada às 00h50]
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