Nas anteriores eleições regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados).
O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um (exercido pelo PCP).
No domingo, PSD e CDS-PP -- que desta vez concorreram coligados -- ficaram-se pelos 23 deputados, falhando por um mandato a maioria absoluta, num parlamento com 47 lugares.
O PS (com uma candidatura encabeçada por Sérgio Gonçalves) caiu para 11 deputados, o JPP (Élvio Sousa) subiu para cinco, recuperando a bancada com que se tinha estreado em 2015, e a CDU manteve o seu eleito (Edgar Silva, do PCP).
O Chega, liderado no arquipélago por Miguel Castro, tornou-se na quarta força política, com quatro mandatos na sua estreia no hemiciclo.
IL (também estreante na assembleia), BE e PAN (ambos já representados no passado) elegeram, cada um, um deputado -- Nuno Morna, Roberto Almada e Mónica Freitas, respetivamente.
Durante a campanha, o líder do PSD/Madeira e do Governo Regional, Miguel Albuquerque, afirmou que se recusaria a governar sem uma maioria absoluta, mas no discurso da vitória garantiu que conseguirá formar nos próximos dias um governo com estabilidade, sem adiantar com que partidos vai negociar.
E se as portas estão fechadas, por ambos os lados, a um entendimento entre a coligação e o Chega, a Iniciativa Liberal (IL) já disse que "abre a porta para conversar" com os sociais-democratas". A mesma abertura ao diálogo foi admitida pelo Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
De facto, basta o deputado liberal Nuno Morna ou a deputada do PAN Mónica Freitas para formar a maioria absoluta no parlamento.
Ainda antes do discurso de Miguel Albuquerque, algumas forças políticas 'cobraram' a sua demissão. Entre essas vozes esteve a de Sérgio Gonçalves, que assumiu o mau resultado do PS, mas não se demitiu.
Nas legislativas regionais, o representante da República, cargo ocupado por Ireneu Barreto, convida uma força política a formar governo em função dos resultados, após a auscultação dos partidos com assento parlamentar na atual legislatura.
Ireneu Barreto disse à Lusa que tenciona ouvir os partidos entre quarta e quinta-feira, antes de convidar o líder do PSD/Madeira a formar governo.
O representante da República desvalorizou a taxa de abstenção de 46,66%, apontando que "há eleitores a mais nos cadernos eleitorais", pelo que a real abstenção será "perfeitamente razoável".
Em 2019, a abstenção tinha sido de 44,5% e em 2015 de 50,42%, batendo-se nesse ano o recorde desde 1976, quando se realizaram as primeiras eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira.
Mais de 253 mil eleitores foram chamados a votar nas legislativas regionais deste ano, com 13 candidaturas na corrida.
As listas do PTP, do Livre, do R.I.R, do MPT e do ADN não conseguiram eleger qualquer deputado.
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