Rui Tavares, que se absteve em relação ao Orçamento do Estado na generalidade, falava no Palácio de Belém, em Lisboa, no fim de uma reunião entre uma delegação do Livre e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que durou mais de uma hora.
"O resultado das nossas deliberações internas é de que, se não mudasse nada na especialidade, essa abstenção seria um voto contra na votação final global", declarou o deputado único do Livre aos jornalistas.
Entre as reivindicações do Livre, Rui Tavares destacou a criação de um fundo de emergência na habitação, o alargamento do passe ferroviário nacional e mudanças no financiamento da ciência, investigação e ensino superior.
Segundo o deputado, um dos dois porta-vozes do partido, estes são "três elementos essenciais de propostas do Livre" de alteração ao Orçamento na especialidade.
A delegação do Livre recebida pelo chefe de Estado incluiu os dirigentes Ana Natário, Paulo Muacho, Tomás Cardoso Pereira e Isabel Mendes Lopes, além de Rui Tavares -- que é porta-voz do partido em conjunto com Teresa Mota.
Rui Tavares relatou aos jornalistas que nesta reunião a delegação do Livre falou ao Presidente da República de duas propostas de resolução do partido sobre Israel e Palestina, que foram entregues na Assembleia da República em 18 de outubro.
Um projetos de resolução manifesta "apoio às posições e às exigências humanitárias que têm sido feitas pelo senhor secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU)", António Guterres, e o outro propõe "passos concretos para o reconhecimento da Palestina", referiu.
O deputado do Livre disse que houve "infelizmente um pedido de adiamento por parte do PS" para que o debate destes projetos de resolução em Comissão de Negócios Estrangeiros "fosse adiado para depois do processo de Orçamento do Estado".
De acordo com Rui Tavares, "a independência da Palestina e a solução de dois estados" é algo que "a comunidade internacional cada vez mais vê como sendo a única solução" para se "sair desta espiral de conflito e violência" e "o senhor Presidente, evidentemente, concorda com isto".
Em dezembro de 2014, a Assembleia da República aprovou uma resolução para o reconhecimento da Palestina como Estado independente e soberano, que foi proposta por PSD, PS e CDS-PP e aprovada por estes três partidos, que prevê que esse reconhecimento seja feito em coordenação com a União Europeia.
Na altura, os partidos mais à esquerda viram rejeitadas propostas que recomendavam o reconhecimento do Estado da Palestina sem articulação com a União Europeia.
O Presidente da República começou hoje uma ronda de audiências aos partidos com assento parlamentar que tem como tema principal o Orçamento do Estado para 2024, numa altura em que a proposta do Governo está em discussão na especialidade.
A proposta de Orçamento para o próximo ano foi aprovada na generalidade na terça-feira passada, com votos a favor da maioria absoluta do PS, abstenções dos deputados únicos do PAN e do Livre e votos contra de PSD, Chega, IL, BE e PCP.
A votação final global está marcada para 29 de novembro.
[Notícia atualizada às 13h28]
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