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"Ataque" à justiça e "distanciamento". As reações à mensagem de Costa

Os partidos deixaram duras críticas à mensagem de António Costa, que pediu desculpa aos portugueses e afirmou que se sente envergonhado pela "apreensão de envelopes com dinheiro" no escritório do seu ex-chefe de gabinete.

"Ataque" à justiça e "distanciamento". As reações à mensagem de Costa
Notícias ao Minuto

22:55 - 11/11/23 por Joana Duarte com Lusa

Política António Costa

O primeiro-ministro demissionário, António Costa, fez este sábado uma declaração ao país na qual pediu desculpa aos portugueses e afirmou que se sente envergonhado pela "apreensão de envelopes com dinheiro" no escritório do seu ex-chefe de gabinete, Vítor Escária. Falou ainda da proposta do nome de Mário Centeno para seu sucessor e de Diogo Lacerda Machado.

Os partidos deixaram duras críticas à mensagem de António Costa e acusaram o ainda governante de tentar interferir com a justiça.

Por outro lado, houve ainda quem insistisse na demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba. 

Conheça as reações dos partidos após a declaração de Costa nesta noite de sábado:

Montenegro diz que PS "deixa o país pior do que encontrou"

Luís Montenegro asseverou que "em democracia cada cidadão tem direito a um voto" e falou ainda da "fatalidade que parece que o PS tem". "Sempre que vai para o Governo deixa o país pior do que aquilo que encontrou", referiu. 

O líder do PSD salientou a "caminhada difícil" de Carlos Moedas para chegar à Câmara Municipal de Lisboa. Luís Montenegro considerou que o autarca "simboliza o espelho do nosso projeto: acreditar". "Esta nova maioria que saiu nas últimas eleições autárquicas e novos tempos que Lisboa está a viver são os tempos que queremos alargar a todo o país", afirmou Montenegro. 

O presidente do PSD referiu também que o exemplo da cidade de Lisboa é "a inspiração que nos vai mover nos próximos quatro meses até à vitória eleitoral que havemos de conquistar". 

"Ato bizarro, deselegante e inadequado"

O líder do Chega, André Ventura, classificou a declaração de António Costa como um ato "bizarro, deselegante e inadequado". Ventura acusou o primeiro-ministro de querer "interferir na esfera da justiça e condicionar a opinião pública" ao falar ao país enquanto os "arguidos [da Operação Influencer] estão a ser ouvidos".

"O Chega não vai deixar passar esta inadmissível, intolerante intromissão na justiça", insistiu André Ventura, considerando ainda ter-se tratado de um "exercício de vitimização" e "tentativa de condicionamento".

"Esta declaração do primeiro-ministro é um ataque direto ao coração da justiça", afirmou ainda.

"Costa não pode continuar a ser primeiro-ministro depois de hoje"

Já o presidente da comissão executiva da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, disse que "António Costa não pode continuar a ser primeiro-ministro depois da noite de hoje". Para Rui Rocha, a declaração feita por Costa é a "situação mais grave protagonizada pelo primeiro-ministro". 

Em entrevista à SIC Notícias, Rui Rocha referiu que a mensagem de António Costa tinha como objetivo "tentar desvincular-se da questão dos 75 mil euros e da ligação a Diogo Lacerda Machado". Rui Rocha afirmou ainda que o segundo objetivo de António Costa "era claramente interferir na justiça". 

"Estamos assistir ao primeiro-ministro a usar São Bento para fazer campanha", considerou o liberal. 

"Os portugueses estão cansados" 

A líder do PAN, Inês de Sousa Real, afirmou que os portugueses contam com o partido nas próximas eleições para ser uma "voz" para o "compromisso do ambiente" para que "não haja este tipo de política de 'greenwashing' [lavagem verde], porque o país precisa de transição energética, mas não desta forma". Inês de Sousa Real referiu que é "essencial que a transparência e o combate à corrupção não estejam em baixa". 

"Houve de facto um pedido de desculpa ao país, mas poderia ter-se tudo evitado se tivesse havido um verdadeiro compromisso com um maior combate à corrupção", disse.

Inês de Sousa Real considerou que "os portugueses estão cansados" e que "o dinheiro existe, mas não está a ser canalizado para quem deve servir". 

"Há uma dimensão de chorar sobre o leite derramado"

Rui Tavares, do Livre, disse que na declaração do primeiro-ministro "há uma dimensão de chorar sobre o leite derramado". "O primeiro-ministro pode lamentar, mas teve condições para resolver alguns dos problemas que agora todos nos queixamos", referiu Rui Tavares. 

O deputado acredita que "houve um período em que António Costa governou" em que podiam ter sido esclarecidas várias coisas, de forma a "evitar os danos em que agora incorremos".

PCP lamentou "promiscuidade" 

A reação do PCP à declaração do primeiro-ministro coube a António Filipe, para quem os investimentos devem ser captados para Portugal no respeito pela lei e por aquilo que ela visa proteger, nestes casos, as questões ambientais e a qualidade de vida das populações.

"O que está estabelecido na lei relativamente aos processos de licenciamento de investimentos deve ser escrupulosamente cumprido", salientou António Filipe, lamentando ainda a "promiscuidade" entre os interesses económicos e o interesse público do país.

"Infelizmente no nosso país temos tido, ao longo dos últimos anos, muitos exemplos das consequências dessa promiscuidade", considerou António Filipe, apontando os casos dos processos do Grupo Espírito Santo e da privatização da TAP.

"Com menos burocracia, com menos socialismo, com menos Estado há menos incentivos à corrupção"

Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal (IL), salientou que "com menos burocracia, com menos socialismo, com menos Estado há menos incentivos à corrupção".

"O problema não é o investimento, o investimento é bem-vindo, o problema é favorecer certos investidores ou certos negociadores e isso António Costa nada falou, em oito anos pouco ou nada fez e agora só se lembra disto quando se vê envolvido num escândalo de corrupção, envolve o seu melhor amigo, o seu chefe de gabinete, um dos seus ministros, agora esta obsessão, que achamos positivo atração de investimento só aparece agora", acrescentou o deputado da IL.

Considerou também "lamentável que o ministro João Galamba não tenha sido demitido" porque "não há qualquer tipo de condições políticas" para que este continue em funções e defendeu a necessidade de "um novo ciclo de governação". Quanto ao pedido de desculpas feito por António Costa, Blanco disse ser "muito curto" e tratar-se de "uma tentativa de distanciamento". 

BE afirma que Costa "parece querer dar uma mensagem de tranquilidade"

O deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares considerou que, na opinião de António Costa, "nada deve mudar". "A mensagem não aprende com alguns dos erros que deviam ser levados a essa aprendizagem", disse sobre a declaração do primeiro-ministro.

Pedro Filipe Soares disse que António Costa "parece querer dar uma mensagem de tranquilidade". Sobre o pedido de desculpas de António Costa, o deputado do Bloco afirmou que "as desculpas não se pedem, evitam-se" e que o governante deve estar "amargurado pela realidade". 

"Fazer uma declaração ao país para tranquilizar os beneficiários dos projetos PIN é curto", afirmou Pedro Filipe Soares, que pediu o "fim do regime de desresponsabilização ambiental". 

Usou "cargo e residência para se defender de circunstância judiciais"

O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, num comunicado enviado às redações, classificou de "inaceitável que se permita utilizar o cargo e a sua residência oficial para se defender de circunstância judiciais e pessoais, que só podem ser dirimidas nos tribunais".

Criticando a comunicação de António Costa, o líder do CDS-PP apontou que o "primeiro-ministro desperdiçou a oportunidade de fazer aquilo que os portugueses esperavam: demitir João Galamba, fazendo cessar o principal foco de censura que persiste no Governo".

"Mantendo agora João Galamba no cargo, apesar de ser o rosto mais expressivo da crise política, António Costa pretende afrontar uma vez mais o Presidente da República", rematou.

Leia Também: AO MINUTO: "Apreensão envergonha-me"; As reações ao discurso de Costa

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