A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, assumiu, esta segunda-feira, que um voto no seu partido "será um voto que impedirá qualquer Governo de Direita" que, na sua ótica, voltará a ser afastada do poder pela ação dos seus eleitores. A bloquista garantiu ainda que "o BE não vai fazer menos do que determinar o futuro do país e das soluções".
"Ainda agora aqui cheguei; estou só a começar e tenho muita confiança naquilo que o BE é capaz de fazer. O BE não vai fazer menos do que determinar o futuro do país e o futuro das soluções concretas, e já o fizemos no passado. O BE teve meio milhão de votos, afastou a Direita do poder e foi capaz de ter soluções para os problemas da vida das pessoas. E acredito que vai fazer isso de novo", disse, em entrevista à SIC Notícias.
Ainda que Mariana Mortágua tenha reconhecido que "há muita gente em Portugal que está preocupada com a possibilidade de uma aliança à Direita em torno do poder e com o risco que isso significa", a líder bloquista assumiu que "o voto no BE será um voto contra e que impedirá qualquer Governo de Direita, qualquer aliança de Direita, qualquer programa de Direita".
Avisou, contudo, que "acabámos de sair de dois anos de uma maioria absoluta que prometeu estabilidade e trouxe uma crise política", ao mesmo tempo que atirou que "o Governo do Partido Socialista (PS) falhou".
"A maioria absoluta não trouxe respostas ao país, não deu estabilidade ao país, porque não respondeu a estas questões concretas. O crescimento do BE é mérito dessa clareza das respostas e de saber responder às preocupações com soluções exequíveis", disse, defendendo, por isso, que "o que é preciso neste momento é falar claro aos portugueses".
E concretizou: "Quando me candidatei à coordenação do BE, disse que defendia para todos os portugueses, e para quem vive em Portugal, uma ‘vida boa’. E a ‘vida boa’ é ter o conforto de saber que o salário dá para a vida, que paga, que dá segurança na velhice e na habitação. E é por essas respostas claras que o BE se candidata."
Rejeitando fazer cenários quanto a uma nova geringonça, uma vez que o PS ainda "não escolheu a sua liderança", nem "fez a sua avaliação daquilo que foi esta maioria absoluta, sobre o que foi esta cedência e este agravamento da crise social e política", Mariana Mortágua apresentou uma certeza: "Irei debater com o próximo secretário-geral do PS, seja ele quem for. E seja ele quem for, terá de assumir responsabilidades perante o que foi a governação da maioria absoluta."
A bloquista confessou, além disso, que não pensa "em termos de mandatos", mas mostrou-se confiante de que "o Bloco vai crescer" nas próximas eleições legislativas, nas quais tem o objetivo de ser "determinante para encontrar soluções para o país, que curem o país da crise em que a maioria absoluta o deixou".
"Uma crise que é política, que tem a ver com a promiscuidade entre a política e os negócios, mas uma crise que é também social. […] É para essas alternativas e para ser determinante nessas alternativas que o Bloco vai a eleições, e é por isso que luta por soluções muito concretas", rematou.
Face aos acontecimentos da passada terça-feira, na qual o primeiro-ministro apresentou a sua demissão, que foi aceite, depois de o Ministério Público ter revelado que é alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições, que acontecerão a 10 de março de 2024.
Naquela manhã, as buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e do Ministério Público culminaram com a detenção de cinco pessoas - entretanto libertadas -, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária. Já o ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido.
Por seu turno, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário", numa declaração a partir do Palácio de São Bento.
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