Novo aeroporto? "Há sempre uma razão para esperar mais um dia. Já chega"

Pedro Nuno Santos defendeu que tanto em matéria de economia como de descongelamento da carreira dos professores era necessário falar com as organizações que representam os trabalhadores. Em relação ao aeroporto, defendeu que era preciso consenso, mas, acima de tudo, tomar uma decisão.

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Teresa Banha
06/12/2023 17:44 ‧ 06/12/2023 por Teresa Banha

Política

Pedro Nuno Santos

O candidato à liderança do Partido Socialista Pedro Nuno Santos falou, esta quarta-feira, sobre o crescimento da economia, o descongelamento da carreira dos professores e também sobre o novo aeroporto, após uma reunião com representantes da CIP (Confederação Empresarial de Portugal), esta quarta-feira, em Lisboa.

No âmbito da declaração do líder do PSD, Luís Montenegro, que referiu que era preciso mais um estudo sobre novo aeroporto, Pedro Nuno Santos foi questionado se achava que PS e PSD se deveriam sentar-se à mesa para discutir o tema - assim como foi questionado sobre a posição da ANA. "Quem decide em Portugal é o povo português através dos seus representantes e é isso que interessa do ponto de vista do nosso funcionamento democrático. Não vou comentar as declarações de nenhuma empresa em particular, que obviamente não pode ser deixadas de ter tidas em consideração", disse.

Pedro Nuno Santos defendeu que é preciso procurar consenso, mas não só com o PSD. "Não deve ficar confinado a um único partido. Independentemente de procurarmos esse consenso, há uma coisa que é certa: a decisão tem de ser tomada. A decisão do líder do PSD de criar mais um grupo de trabalho vem na senda daquilo que vai caracterizando, infelizmente, a decisão política em Portugal. Há sempre uma boa razão para nós esperarmos mais um dia, para falarmos com mais alguém, para organizarmos mais um estudo, mais uma comissão", defendeu, acrescentando que esta é uma decisão de que se está à espera há 50 anos. "Já chega", apontou.

"Temos de procurar o consenso, mas se não existir, decidir na mesma", defendeu, recordando o relatório sobre o assunto, que estará em discussão pública. Mas a partir dele tomarmos uma decisão. Agora, fazermos um grupo de trabalho depois de fazer um relatório... Não ficamos com a certeza de que o PSD a seguir ao grupo de trabalho não vai criar uma comissão. Já chega", defendeu.

"Queremos que a população portuguesa tenha nível salarial àquilo que temos. Isso não se faz contra as empresas, faz-se com os empresários"

Sobre a reunião com a CIP, garantiu: "Foi uma reunião muito importante e interessante onde pudemos conversar sobre a economia portuguesa e sobre as políticas que podem promover o crescimento da economia portuguesa. Ficou claro há, desde logo, uma sintomia em termos de objetivos", especificando que estes objetivos se prendiam não só com o crescimento económico, como também de aumentos de salários.

"São partilhados e há caminhos para conseguir atingir estes objetivos que também são comuns. Haverá diferenças, com certeza, mas alguns desses caminhos são partilhados por nós e defendidos pela CIP", disse em declarações aos jornalistas, especificando que estes se referiam "em matéria de capitalização das empresas, apoios à internacionalização, inovação e ao investimento".

"Julgo que há espaço para conseguirmos trabalhar e construir mesmo uma concertação estratégica para a economia portuguesa que envolva a CIP", acrescentou, sublinhando que a base desenvolvida pela confederação "era relevante".

Questionado se os impostos podem ser uma prioridade, Pedro Nuno Santos apontou que "há aspetos muito mais importantes do que esses para as empresas", e defendeu: "Desde logo apoiar a internacionalização. Quando digo apoiar a internacionalização não é só o apoio à exportação, mas sim apoiar as nossas empresas a trazer aquisições noutras economias, que permitam consolidar a presença de empresas portuguesas no estrangeiro". Pedro Nuno Santos referiu-se também à capitalização, recordando que ainda existem maiores incentivos ao financiamento do Capital Social recorrendo a "capitais alheiros. "Queremos que haja um tratamento fiscal igual", notou.

Sublinhando que há muito trabalho neste âmbito que pode ser feito com as confederações, apontou: "Só há uma forma de conseguirmos aumentar salários em Portugal. E sobre isso não haja a menor dúvida. É alterando o perfil de especialização da nossa economia, com empresas mais fortes, e, por isso, queremos trabalhar com a CIP e outras organizações para concertarmos uma estratégia para o desenvolvimento económico". "Queremos que a população portuguesa tenha nível salarial àquilo que temos. Isso não se faz contra as empresas, faz-se com os empresários", defendeu.

Professores? "Temos de encontrar equilíbrio, mas temos de recuperar todo o tempo de serviço"

Em relação ao descongelamento das carreiras dos professores, Pedro Nuno Santos notou que "da mesma forma que o Estado exige que empresas no setor privado cumpram os contratos com os seus trabalhadores, deve dar o exemplo com os seus, e, dentro das margens orçamentais, do objetivo que mantemos de redução da dívida pública, devemos reconhecer integralmente o tempo de serviço dos professores".

"Verdadeiramente onde não se avançou foi nos professores. Houve o reconhecimento de dois anos e algum tempo, mas seis anos ficaram por reconhecer, o que nós queremos é reconhecer integralmente o tempo de serviço dos professores que foi congelado", acrescentou, explicando que não só é fundamental por uma questão de princípio, como também pela necessidade de valorizar as carreiras no âmbito da Administração Pública.

"Ao contrário do PSD, achamos que a solução deve ser construída com os sindicatos que representam os professores", explicou, referindo ainda ser preciso conciliar os objetivos de redução da dívida pública e os objetivos das organizações que representam os professores. "Temos de encontrar equilíbrio, mas temos de recuperar todo o tempo de serviço", reforçou.

Leia Também: Aeroporto? "A CTP gostaria que PSD e PS fizessem já um pacto de regime"

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