Morreu a ex-deputada e dirigente comunista Odete Santos. Tinha 82 anos

Foi deputada da Assembleia da República entre 1980 e 2007.

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Notícias ao Minuto
27/12/2023 13:02 ‧ 27/12/2023 por Notícias ao Minuto

Política

PCP

Morreu, aos 82 anos, a histórica comunista Odete Santos. A informação, inicialmente avançada pela RTP, foi confirmada pelo Notícias ao Minuto junto de fonte do Partido Comunista Português (PCP), que entretanto emitiu um comunicado no qual manifesta "profundo pesar" pela morte da antiga deputada.

Odete Santos era membro do PCP desde 1974, foi deputada da Assembleia da República de novembro de 1980 a abril de 2007 e exerceu também vários cargos a nível partidário e autárquico, em Setúbal.

"É com profundo pesar que o Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português cumpre o doloroso dever de informar o falecimento de Odete Santos aos 82 anos de idade e transmite à família as suas condolências", lê-se na nota do partido.

Odete Santos, nasceu a 26 de Abril de 1941, na Freguesia de Pêga, concelho da Guarda. Estudou no Liceu de Setúbal, licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, tendo exercido advocacia durante vários anos, tal como destaca o PCP.

A comunista integrou a Comissão Concelhia de Setúbal, a Direção da Organização Regional de Setúbal e o Comité Central do PCP, do qual fez parte de 2000 a 2012.

"Mulher de cultura, desde muito jovem teve intervenção cultural e antifascista em associações de cultura e recreio do distrito de Setúbal (...) Foi esse ativismo e intervenção que suscitaram a perseguição da PIDE/DGS, a polícia política do regime fascista", frisa o partido.

Depois do 25 de Abril de 1974, Odete santos integrou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Setúbal, destacando-se entre as suas intervenções na nova vida democrática do concelho "o seu papel como principal impulsionadora" da criação do Teatro de Animação de Setúbal, onde representou conhecidos dramaturgos.

Autora de vários livros, como  'Em Maio há cerejas' (Ausência, 2003), teve ainda participação nos anos de 2004 e 2005 em Teatro de Revista no Parque Mayer. 

"Sucessivas gerações ouviram e recordam a força que imprimiu ao declamar 'Calçada de Carriche' de António Gedeão", assinalou aquele partido.

Odete Santos gozou de uma popularidade que extravasou o âmbito político, com presenças regulares em programas de televisão, desde debates políticos a programas de entretenimento.

Foi deputada da Assembleia da República, de novembro de 1980 a abril de 2007, e "destacou-se em áreas dos Direitos, Liberdades e Garantias, na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos das mulheres, assuntos que abordou em conferências, debates, entrevistas e artigos publicados".

Na nota divulgada, o Secretariado do Comité Central assinala o percurso partidário da antiga deputada, que foi a principal voz do PCP na defesa da despenalização do aborto, em 1984, quando foi aprovada a primeira lei, em 1998, no primeiro referendo e em 2007, quando ganhou o 'sim'.

"É de particular significado a sua intervenção na conquista de novos direitos para as mulheres, nomeadamente o combate ao aborto clandestino e pela despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez de que foi principal rosto na Assembleia da República. Destacou-se também na criação dos Julgados de Paz, um nível de instituição para a justiça mais próxima dos cidadãos, sendo reconhecida como a sua principal impulsionadora", refere a nota.

Após renunciar ao mandato como deputada, foi substituída pelo deputado Bruno Dias, do mesmo círculo eleitoral (Setúbal). Posteriormente, foi membro da Assembleia Municipal de Setúbal de 1979 a 2009, tendo sido presidente deste órgão entre janeiro de 2002 e novembro de 2009.

Foi homenageada pela Câmara Municipal com a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal e foi também agraciada com a Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Odete Santos integrou também o Conselho Nacional do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e a Associação de Amizade Portugal-Cuba.

"Odete Santos destacou-se pelo seu compromisso com os trabalhadores e o povo, com uma particular ligação com a juventude, afirmando a sua notável capacidade, profundidade de análise, solidariedade, dedicação, frontalidade, coragem e força de intervenção", sublinha o PCP.

"Mulher de Abril, destacada deputada e dirigente comunista", Odete Santos foi "uma figura marcante na construção do Portugal de Abril e na afirmação dos direitos que a Constituição da República Portuguesa consagra, em particular sobre os direitos dos trabalhadores, sobre a igualdade e a emancipação da mulher, uma presença constante na ação de solidariedade com os povos de todo o mundo, uma incansável participante na concretização do ideal e projeto do Partido Comunista Português".

De notar que foi considerada a deputada mais mediática do PCP e, na altura da sua saída do parlamento, o ex-secretário-geral comunista Jerónimo de Sousa elogiou-a como "uma mulher apaixonada e apaixonante" que "põe o coração nas palavras".

[Notícia atualizada às 14h42]

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