"É manifestamente falso, é absolutamente falso que o BE tivesse negociado quaisquer compras de ações minoritárias nos CTT com o Governo do PS em troca do voto para o Orçamento do Estado para 2021", o líder parlamentar dos bloquistas, Pedro Filipe Soares, no parlamento, considerando que "não faz sentido nenhum essa insinuação, essa mentira ser propalada, porque ela não tem qualquer adesão à realidade".
Em causa está uma notícia do Jornal Económico segundo a qual o anterior Governo, sem o divulgar, instruiu a Parpública a comprar ações dos CTT através de um despacho do então ministro das Finanças, João Leão. Este jornal escreveu que "a compra teve lugar após exigências do BE" para aprovar o Orçamento do Estado para 2021.
Pedro Filipe Soares criticou o PSD, mas sobretudo o Chega pelas declarações que fizeram sobre esta matéria, dizendo que "é público que o Chega tem entre os seus financiadores elementos da família Champalimaud, atuais acionistas dos CTT" e acusando o partido liderado por André Ventura de "propalar uma informação falsa para tirar dividendos políticos e até dividendos para esses acionistas privados".
Quanto à posição do BE sobre os CTT, reiterou que o partido sempre defendeu publicamente que esta deve ser "uma empresa nacional, do Estado, com participação completamente pública" e referiu que "denunciou a descapitalização da empresa feita pelos privados e o incumprimento do contrato de concessão".
"Partir daí e dizer que daríamos aceitação para uma compra minoritária da empresa, feita pela calada da noite, é de facto não conhecer nem a posição do BE, nem o que defendemos para a empresa, que não é o benefício aos privados pelo mal que estavam a fazer à empresa, que foi isso que o Governo esteve a fazer", argumentou.
O líder parlamentar bloquista sublinhou que o BE "não deve nada a ninguém e sobre esta matéria quem insinua a mentira é que tem que a provar".
Pedro Filipe Soares insistiu que está em causa "uma informação falsa que alguém passou, quis criar ou alguém inventou e que está a tomar proporções absolutamente incompreensíveis", dizendo que o que estava em cima da mesa nas negociações do orçamento em causa eram "direitos do trabalho e saúde".
Os CTT foram privatizados entre 2013 e 2014 pela governação PSD/CDS-PP em período de assistência financeira externa a Portugal.
O Chega e a Iniciativa Liberal agendaram para quarta e quinta-feira debates na Assembleia da República para obter esclarecimentos sobre a compra de ações dos CTT por parte da Parpública e o PSD exigiu conhecer o despacho das Finanças para a compra de ações dos CTT. Estes três partidos pediram explicações ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
[Notícia atualizada às 18h17]
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