CTT? "Obviamente que sabia e obviamente que concordo com o que foi feito"

Pedro Nuno Santos fez declarações sobre a polémica que envolve a compra de ações dos CTT pelo Estado. "Em nenhum momento disse que não sabia da operação", asseverou o agora secretário-geral do PS.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
04/01/2024 15:30 ‧ 04/01/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Pedro Nuno Santos

"Em nenhum momento disse que não sabia da operação. Estava à espera que o Governo prestasse ainda esclarecimentos. A única coisa que disse foi que não é o ministro setorial quem dá instruções ao ministro das Finanças para comprar ações", explicou, esta quinta-feira, o secretário-geral do Partido Socialista (PS) e antigo ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos, reagindo à polémica sobre a compra de ações nos CTT por parte do Estado.

"Obviamente que sabia e obviamente que concordo com aquilo que foi feito", garantiu Pedro Nuno Santos desde a Assembleia da República, em declarações aos jornalistas. Isto após ter dito, no início desta semana, que, sobre esse assunto, as questões deviam ser endereçadas ao Governo.

De seguida, Pedro Nuno Santos argumentou que, antes da privatização dos CTT, a empresa "prestava um serviço de qualidade", numa "relação de muito respeito" com os portugueses, que "tinham carinho pelos CTT". Hoje, "não prestam serviços com a mesma qualidade".

O Partido Social-Democrata (PSD) devia era estar preocupado e pedir desculpas pelo processo de privatização, em vez de estar preocupado com os 0,24% de ações dos CTT [comprados pelo Estado]"O país e os portugueses não ganharam nada com a privatização, antes o contrário", assegurou, acusando a privatização de ter sido "desastrosa" e que lesou "profundamente o interesse nacional, do Estado e dos portugueses". "Hoje dá menos lucro, e esse lucro é dos privados mas não de todos nós. Hoje, [os CTT] são uma empresa que não cumpre os indicadores de qualidade a que está sujeita e é alvo de queixas", sustentou Pedro Nuno Santos.

O líder socialista insurgiu-se também contra o modo como a privatização foi feita pelo executivo liderado por Pedro Passos Coelho, já que foi concessionado o serviço postal dos CTT e foram vendidos todo os ativos necessários para prestar esse serviço, ao contrário do acontece com as estradas ou com os aeroportos.

"A faca e o queijo ficou na mão do privado. No limite, se o privado decidir que não quer prestar o serviço postal universal, o Estado não tem como prestar, porque não tem rede", acusou. Perante os jornalistas, o líder do PS tentou sobretudo fazer um ataque político à privatização dos CTT feita pelo executivo PSD/CDS, dizendo que essa empresa, quando era detida pelo Estado, "dava lucro".

"O Partido Social-Democrata (PSD) devia era estar preocupado e pedir desculpas pelo processo de privatização, em vez de estar preocupado com os 0,24% de ações dos CTT [comprados pelo Estado]", continuou Pedro Nuno Santos, reiterando: "Não sou eu que dou instruções ao ministro das Finanças. Não conduzi o processo".

Isso sim, o que sabe é que "era uma forma de tentar garantir que não havia um inflacionamento dos preços". Por isso, o Estado "não quis anunciar publicamente, porque não queria, com isso, acabar por ter que compras as ações mais caras", argumentou, garantindo que "o quadro legal foi cumprido" e "o interesse nacional foi defendido".

De recordar que o Jornal Económico noticiou na quarta-feira que o anterior Governo, sem o divulgar, instruiu a Parpública a comprar ações dos CTT através de um despacho do então ministro das Finanças, João Leão.

Em comunicado, a Parpública defendeu que "a compra de ações dos CTT, realizada até outubro de 2021, ocorreu no cumprimento dos requisitos legais", referindo que foi feita por despacho do ministro das Finanças da altura, João Leão, e com parecer prévio da UTAM - Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial.

"Quero lamentar a forma como o líder do PSD decidiu fazer combate político"

Pedro Nuno Santos acusou também o líder social-democrata, Luís Montenegro, de ter deturpado declarações suas, breves, que proferiu na quarta-feira, contrapondo que, "em momento algum", disse que desconhecia essa operação.

"Afirmei que não é o ministro [das Infraestruturas] que tem a tutela setorial quem dá instruções ao ministro das Finanças para comprar ações", alegou.

Hoje, em Braga, o líder do PSD, Luís Montenegro, classificou como uma "bandalheira" a questão da compra de ações dos CTT pela Parpública e acusou o ex-ministro Pedro Nuno Santos de pretender "sacudir a água do capote" neste processo.

Pedro Nuno Santos reagiu: "Quero lamentar a forma como o líder do PSD decidiu fazer combate político". "Há limites, temos de respeitar os nossos adversários e eu respeito Luís Montenegro. Há coisas que não faço, desde logo atribuir ao meu adversário declarações que ele não fez", completou o novo líder dos socialistas.

[Notícia atualizada às 16h40]

Leia Também: BE diz que Governo deve explicar interesse em "mini participação" nos CTT

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