"No domingo à noite, a população da Madeira escolheu o PSD para governar e escolheu o JPP para fiscalizar, vigiar e ter a responsabilidade de ser o maior partido da oposição", declarou Élvio Sousa.
O dirigente do JPP falava aos jornalistas no Palácio de São Lourenço, residência oficial do representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, que hoje recebe os seis partidos que garantiram assento na Assembleia Legislativa nas eleições regionais antecipadas de domingo e fará uma declaração no final.
Élvio Sousa sublinhou que o seu partido tem agora a "responsabilidade de fazer uma oposição séria, construtiva (...) e fortalecer o projeto cívico da região", referindo que o JPP aumentou a sua votação em todos os municípios do arquipélago.
No domingo à noite, após conhecidos os resultados eleitorais, que deram uma vitória ao PSD - cuja lista foi encabeçada pelo líder da estrutura regional da Madeira dos sociais-democratas, Miguel Albuquerque -, que ficou a um deputado dos 24 necessários para a maioria absoluta, Élvio Sousa admitiu ainda a solução de um governo alternativo e realçou que o cenário ainda não estava fechado.
"Se Deus quiser, seja num governo alternativo, seja como segunda força política na Madeira, nós não vamos deixar o PSD fazer aquilo que fez até hoje. Vamos intensificar a responsabilidade de fiscalizar o que o PSD vai fazer", afirmou na altura.
Hoje, o secretário-geral do JPP, questionado se tentou juntar os restantes partidos para formar um governo alternativo a Miguel Albuquerque, justificou que essas declarações eram para alertar de uma "forma pedagógica" a população de que são necessários 24 deputados para a maioria absoluta.
"Mas com a eleição de 23 deputados por parte do PSD seria contranatura, digo isto sinceramente, tentar um governo alternativo", admitiu.
Élvio Sousa assegurou que o JPP fará uma oposição responsável, "mas vai vigiar, com unhas e dentes, o PSD", reforçando: "Nós não vamos deixá-los à solta".
"E vamos apurar ainda mais a fiscalização", acrescentou, adiantando que explicará em breve a forma como será feita essa vigilância da prática governativa.
O representante da República para região autónoma está hoje a receber os seis partidos que elegeram deputados nas eleições de domingo, nomeadamente o PSD (23 deputados), o JPP (11), o PS (oito), o Chega (três), o CDS-PP (um) e a Iniciativa Liberal (um).
Na terça-feira, dois dias após as eleições, as estruturas regionais do PSD e do CDS-PP definiram um acordo pós-eleitoral que assegura a maioria parlamentar na região e inclui a integração do líder dos democratas-cristãos do arquipélago, José Manuel Rodrigues, no executivo.
Estas foram as terceiras legislativas realizadas na Madeira em cerca de um ano e meio, tendo concorrido num círculo único 14 listas: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
O sufrágio ocorreu 10 meses após o anterior, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
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