Num discurso perante o 24.º Congresso Nacional do PS, que decorre até domingo na Feira Internacional de Lisboa (FIL), o escritor e antigo candidato presidencial afirmou que os socialistas foram interrompidos "contra a sua vontade" mas deixou um aviso: "pode dissolver-se a Assembleia da República" mas o partido "não está dissolvido".
"Ninguém dissolverá o PS. Ninguém dissolverá a capacidade de resposta, o espírito de resistência do PS que tem mais de 50 anos e nunca virou a cara à luta", garantiu.
O histórico socialista considerou que a dissolução do parlamento - decisão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, em 07 de novembro -- "foi um erro de precipitação gerador de incerteza".
"Menos de um ano depois da maioria absoluta já quase toda a direita pedia a demissão [de António Costa]. Tanta manigância acabou por dar os seus frutos, trocando o certo pelo incerto e a estabilidade pela instabilidade", considerou.
Ao longo da sua intervenção, o resistente antifascista deixou vários alertas sobre o estado atual da democracia na Europa e no mundo, dizendo que se vive "um período conturbado" e que "a ameaça vem de dentro da própria democracia".
Alegre garantiu que "com o PS os inimigos da democracia não passarão" e repetiu, por duas vezes, deixando um recado: "o Chega não passará".
Manuel Alegre elogiou também o ex-secretário-geral do PS António Costa, que discursou no primeiro dia da reunião magna socialista.
"Viu-se um discurso empolgante ontem do camarada António Costa, que não foi de um homem vencido, foi de um homem que está de pé, que fez uma inspiração de resistência a todos os socialistas, a um PS que não se rende, nem se renderá", defendeu.
Na reta final do seu discurso, que animou a sala, com os delegados a aplaudir de pé, Alegre apelou aos militantes para que vão "à luta sem complexos".
"Vamos para a luta para vencer sem complexos, sem medos, sem nunca nos deixarmos render. A nossa bandeira não está no chão, está de pé e na mão de todos vocês, a bandeira do PS para ir à luta, para ir às eleições e para ganhar as eleições", apelou.
Alegre mostrou-se convicto de que Pedro Nuno Santos "está pronto para a vitória" mas alertou que para os socialistas o objetivo não é só ganhar eleições e formar governo, mas sim "salvar a democracia".
"Não basta dizer que o povo é quem mais ordena", avisou, pedindo ao recém-eleito secretário-geral do PS que "seja fiel à palavra dada", cumpra as suas promessas e que seja "sonhador sem deixar de ser pragmático", cuidando do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública.
[Notícia atualizada às 18h56]
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