Dissolução tirou à maioria parlamentar "oportunidade legitima"
O líder parlamentar do PS considerou hoje que a decisão do Presidente da República de dissolver o parlamento retirou à maioria socialista a "oportunidade legítima" de prosseguir, afirmando que o país está a viver "uma crise política diferente".
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Política Congresso PS
No púlpito do 24.º Congresso Nacional do PS, que termina no domingo na Feira Internacional de Lisboa (FIL), Eurico Brilhante Dias defendeu que "esta crise política não é uma crise política como as outras".
"Porque é que é diferente? Porque sua excelência o Presidente da República dissolveu o parlamento, tendo o PS uma maioria absoluta no parlamento e pela primeira vez dissolve o parlamento nestas circunstâncias quando essa maioria continua coesa e respondendo ao principal sublinhado eleitoral que os portugueses quiseram garantir em janeiro de 2022", sustentou.
Na ótica de Brilhante Dias, pela primeira vez, foi feita uma "interpretação parlamentar associando à eleição do parlamento uma ideia do presidencialismo do primeiro-ministro, retirando aos parlamentares e à Assembleia República a oportunidade de legitima de prosseguir, garantindo que o voto dos portugueses é respeitado".
Brilhante Dias disse ainda que a dissolução tem "um outro elemento muito particular", lembrando que o primeiro-ministro, António Costa, apresentou a demissão depois de o seu nome ter sido visado numa investigação judicial.
"E pela primeira vez nós temos uma dissolução da Assembleia e um tempo político e das políticas que une o tempo da justiça ao tempo da política. E esse elemento é profundamente negativo", lamentou o dirigente, que na campanha interna apoiou José Luís Carneiro para o lugar de secretário-geral.
Cabe ao PS, "com a liderança de Pedro Nuno Santos", apresentar o seu programa com equipas renovadas e assegurar que tem condições de prosseguir.
"Porque o contexto que foi criado só vai privilegiar a extrema-direita antidemocrática", defendeu.
Momentos antes, o socialista Álvaro Beleza, associado à ala moderada do partido e que apoiou Pedro Nuno Santos na corrida à liderança socialista, defendeu que o PS tem que ganhar as eleições "pelos portugueses".
"Não é por nós, é pelos portugueses que precisam do PS para acabarmos com a pobreza que temos em Portugal, com as desigualdades, problemas. É por eles que ainda estamos aqui e eles precisam de um PS forte, reformista, com ambição, com garra e a energia positiva do líder do nosso partido", considerou.
Depois, dirigindo-se a Pedro Nuno Santos, Álvaro Beleza disse: "As tuas cicatrizes são as nossas cicatrizes, nós assumimos as tuas porque aqui somos um coletivo, para o bem e para o mal".
No início da sua intervenção, Beleza saudou os jornalistas do grupo Global Media -- que inclui títulos como o JN, DN, TSF ou O Jogo e que em dezembro não receberam os seus salários -- salientando que "a imprensa livre é o quarto pilar da democracia liberal".
"O PS vai defender até à última a liberdade de imprensa, a qualidade da imprensa, a necessidade que temos hoje, neste tempo de demagogia e populismo, de uma imprensa livre", disse o médico, saudando de seguida os profissionais do Serviço Nacional de Saúde.
Também António Mendonça Mendes, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, frisou que o partido terá que enfrentar uma "nova batalha" que não é "pelos socialistas" mas "por Portugal".
"Ao contrário da direita que é um referencial de instabilidade entre eles próprios, o PS é e sempre foi o referencial de estabilidade do país", atirou, alertando que uma maioria de direita "é o maior risco" para o Estado Social mas também para o equilíbrio orçamental.
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