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Aliança Democrática é oficial. A "alternativa credível" a PS "ressabiado"

PSD, CDS-PP e PPM assinaram acordo de coligação Aliança Democrática. Após a oficialização do acordo, seguiram-se os discursos. Eis o que foi dito na cerimónia, que decorreu na Alfândega do Porto, numa sala completamente lotada.

Aliança Democrática é oficial. A "alternativa credível" a PS "ressabiado"
Notícias ao Minuto

17:42 - 07/01/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política Aliança Democrática

PSD, CDS-PP e PPM assinaram, este domingo, o acordo de coligação Aliança Democrática (AD), numa cerimónia que decorreu na Alfândega do Porto. 

O acordo, assinado pelos presidentes do PSD, Luís Montenegro, do CDS-PP, Nuno Melo, e do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, aponta como prioridades da AD alcançar níveis elevados de crescimento, reforçar rendimentos e salvar e reabilitar o Estado Social do definhamento em curso. Após a oficialização deste acordo, seguiram-se os discursos.

Se PS "criou o SNS, neste momento está a destruir o SNS"

Miguel Guimarães, antigo bastonário da Ordem dos Médicos, foi o primeiro a discursar em representação dos independentes, justificando a sua presença nesta coligação para "exercer um direito de cidadania". "Senti que não posso continuar calado naquilo que diz respeito ao que está a acontecer no nosso país", disse, destacando que esta nova Aliança tem "todas as condições para governar Portugal" e "fazer mais e melhor" do que o executivo socialista nos últimos oito anos.

No seu discurso, houve, claro, destaque para o estado da Saúde no país. Miguel Guimarães acusou o PS de estar a "destruir" o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Para o antigo bastonário, se o SNS fosse uma empresa estaria falido, uma falência que atribuiu aos principais responsáveis, como o ministro Manuel Pizarro e o diretor-executivo do SNS.

Miguel Guimarães questionou se, sendo o orçamento da Saúde o maior de sempre, como diz o Governo socialista, e existindo mais profissionais de saúde, "o que é que está a falhar", respondendo que é "falta de competência para gerir corretamente" o SNS.

"O Governo socialista diz sempre que foi ele quem criou o SNS, mas a verdade é que se criou o SNS, neste momento está a destruir o SNS", acusou, apelando a um pacto de regime entre os partidos sobre o futuro deste setor.

"O Governo está a destruir o Serviço Nacional de Saúde. Estamos a falar da falência daquilo que são os responsáveis pela Saúde em Portugal. Falta estratégia, planeamento e orientação", disse.

Momento "importante e simbólico para o nosso país"

Depois de Miguel Guimarães, tomou a palavra Gonçalo da Câmara Pereira, líder do PPM, que falou num momento "importante e simbólico para o nosso país".

Depois de notar que "o perigo da eternização da esquerda" é "um risco e um problema dos nossos dias", tal como era em 1979,  Gonçalo da Câmara Pereira defendeu que a Aliança Democrática "representa a única esperança de derrotar o PS e os seus aliados da 'geringonça'".

"Se assim não for, o PS instalar-se-á no poder durante anos", alertou.

O líder dos monárquicos disse estar nesta coligação para defender os ideais ecológicos, os valores da família, "a mais velha instituição portuguesa", mas também pelos "ideais nacionalistas de um Portugal diverso" - salientando que Portugal "não tem uma só cor" - e por uma sociedade "livre, próspera e solidária".

 A Aliança Democrática é a "única alternativa credível"

Nuno Melo subiu depois ao palco. Numa referência às comparações que têm sido feitas ao longo das últimas semanas com aqueles que levaram a cabo a AD de 1979, o líder do CDS-PP disse aqueles que agora se juntam têm a "mesma determinação no combate ao socialismo, no amor a Portugal" de Francisco Sá Carneiro, Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa e Gonçalo Ribeiro Telles.

"Poucas vezes, como agora, tivemos tantos pilares fundamentais do regime democrático controlados e colonizados por todos os tipo de socialismo em Portugal", disse Melo, referindo que as eleições de 10 de março serão um "referendo" para os portugueses dizerem "se aceitam ou não o estado a que Portugal chegou" e se "sim ou não estão disponíveis mudar o que temos", nomeadamente "filas intermináveis" nos centros de saúde.

Aproveitando a crise na Habitação, o líder centrista focou-se nas críticas a Pedro Nuno Santos: "É o rosto personificado do desastre". Mas António Costa não escapou.  Para o presidente do CDS-PP, a atual crise em Portugal não nasceu em Belém, mas em São Bento e tem como responsáveis o PS, o primeiro-ministro e o secretário-geral socialista.

"A crise que temos não nasceu em Belém [residência oficial do Presidente da República], nasceu em São Bento [residência oficial do primeiro-ministro], é grave e tem como responsáveis o doutor António Costa e o secretário-geral o PS, Pedro Nuno Santos", disse Nuno Melo.

Para Nuno Melo, a Aliança Democrática é a "única alternativa credível, experimentada e com quadros extraordinários capazes de dar um novo rumo a Portugal". "Não temos tempo para experimentalismos em Portugal", apontou.

Deixando elogios a Montenegro, Melo mostrou-se esperançoso. "Sempre que nos juntámos em eleições legislativas, nunca perdemos. Não há de ser agora. Acredito profundamente que vamos vencer as eleições", completou.

"Ao contrário do Partido Socialista não somos um movimento político ressabiado"

Falou por último, mas com mais tempo, Luís Montenegro, presidente do PSD. 

"Estamos no caminho correto para recuperar a governação do país e, por via dela, dar esperança e bem-estar aos portugueses", disse, destacando o apoio que tem sentido ao longo da iniciativa 'Sentir Portugal'.

Segundo Montenegro, o projeto da Aliança Democrática representa "esperança e confiança" e "não se define pela negativa". "O projeto político da AD não se alimenta nem pela ameaça nem pela hostilidade e não se move, ao contrário dos nossos adversários, pelo passa-culpas, pelo ressentimento ou pela instigação infantil do medo. Ao contrário do PS, não é um movimento político ressabiado", criticou.

"Estamos em tempos de estagnação e estamos em tempo de ressaca de todas as experiências socialistas", afirmou.

Referindo-se depois ao Congresso do PS, que decorreu este fim de semana, Montenegro disse estar "chocado" com o facto de "o grande ausente" ter sido o SNS.

"Neste congresso, o novo líder e o antigo líder -- os dois com responsabilidade, porque os dois se sentavam no Conselho de Ministros - tudo fizeram para desviar a atenção, para ignorar e desprezar o que é hoje para muitos portugueses a primeira preocupação que têm: a saúde", criticou.

O líder do PSD elegeu esta área como "a grande prioridade social do Governo da AD" e apelou a uma reflexão sobre o estado do SNS nas legislativas antecipadas de 10 de março.

"Há muitas razões para mudar de Governo, mas a degradação do SNS por si já era suficiente para pôr o Governo socialista na rua e para pôr um novo governo a cuidar da saúde dos portugueses", considerou.

O social-democrata defendeu depois que vivemos numa "sociedade que não é justa" e recusou "aceitar como fatalidade as várias manifestações de pobreza". Depois, deixou um apelo ao voto dos que, nas últimas eleições, deram maioria absoluta ao PS: "Àqueles que acreditaram no PS há dois anos, quero dizer que este projeto da AD é também para vós, para os que se desiludiram. Que bela oportunidade deram ao PS e que o PS desperdiçou completamente", apontou.

Montenegro aproveitou ainda a sua intervenção para reforçar a ideia de que o Governo liderado por António Costa "não acabou por causa do Presidente da República ou qualquer outra instituição".

"Faltou competência ao Governo, a todos os membros que por lá passaram, faltou capacidade de transformação e vontade política, porque instrumentos para mudar ninguém teve como agora", destacou.

Montenegro prometeu que um Governo da AD não se irá "conformar, resignar ou render", num discurso em que reiterou compromissos do PSD como o de fazer um programa de emergência na saúde com recurso também aos setores privado e social ou de dar um rendimento mínimo a todos os pensionistas até final da legislatura equivalente a 820 euros.

O líder do PSD acabou a parafrasear o histórico dirigente e antigo primeiro-ministro Carlos Mota Pinto. "Nós hoje somos muitos nesta sala - esta sala que está a ferver e fervilhar de entusiasmo - amanhã seremos mais, vamos ser milhões, vamos ganhar as eleições e transformar Portugal", apelou.

Na sala, completamente lotada e com muitas pessoas de pé e à porta que não conseguiram entrar, destaque para a presença de alguns notáveis como, por exemplo, dos ex-ministros Leonor Beleza e José Pedro Aguiar-Branco e o presidente da Câmara Municipal do Porto, o independente Rui Moreira.

Dirigentes e antigos dirigentes do PSD como Hugo Soares, Paulo Rangel, Pedro Duarte ou Teresa Morais e do CDS-PP como Pedro Morais Soares, João Almeida ou Hélder Amara foram outras das presenças na Alfândega do Porto.

No texto, reitera-se que este acordo de coligação entre os três partidos incluirá as legislativas de 10 de março e as eleições europeias de 09 de junho, uma aliança "com o propósito de oferecer a Portugal a mudança política necessária e um Governo ambicioso, reformista, moderado estável e maioritário".

O acordo de coligação prevê que o programa eleitoral da Aliança Democrática -- que promete uma campanha "pela positiva" - tenha contributos dos três partidos e de personalidades independentes e, sobre lugares, refere apenas que as listas para as legislativas e europeias "serão baseadas na ponderação global dos resultados que os três partidos obtiveram" em anteriores sufrágios, cumprindo a lei da paridade e incluindo independentes.

[Notícia atualizada às 21h00]

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