"Há discurso de polarização que está cada vez mais a afetar a política"
O co-porta-voz do Livre, Rui Tavares, alertou hoje para uma polarização do discurso político, rejeitando alimentar este clima, e defendeu que deve ser feita uma pedagogia da valorização do trabalho jornalístico, após os acontecimentos na Universidade Católica.
© Thierry Monasse/Getty Images
Política Rui Tavares
"Há um discurso de polarização que está cada vez mais a afetar a política portuguesa. Há uma alternativa ao discurso da polarização que é não o alimentar, e ao discurso agressivo que é não o fomentar. Há uma alternativa à desinformação e ao discurso de ódio que é lutar pela informação e fazer um discurso pela democracia e dos valores da tolerância", defendeu Rui Tavares.
O cabeça de lista do Livre por Lisboa às legislativas de março falava aos jornalistas, em Lisboa, num hotel junto ao edifício da Universidade Católica, onde na terça-feira um jornalista do Expresso disse ter sido agredido num evento organizado por estudantes em que participou o líder do Chega, André Ventura.
Rui Tavares defendeu ser responsabilidade dos atores políticos, mas também dos cidadãos no geral, escolher se querem contribuir para "gerar mais confusão, para que as pessoas sejam sugadas por uma torrente de desinformação e para que haja mais polarização e agressividade na sociedade portuguesa".
Na opinião do também historiador, "há uma pedagogia que tem que ser feita que é a pedagogia da valorização do trabalho jornalístico", nomeadamente junto dos jovens e nas universidades, defendendo que há valores constitucionais, como o exercício da prática jornalística, que devem ser respeitados "independentemente das regras específicas para cada evento".
Sobre a atual crise que o jornalismo atravessa, Tavares comprometeu-se a incluir no programa eleitoral do Livre propostas como "créditos à população para que as pessoas possam fazer assinaturas de imprensa" à sua escolha e a dedução em sede de IRS dos gastos com assinaturas de órgãos de comunicação social.
Advertindo que "há atores políticos em Portugal que querem a divisão e não a união", o líder do Livre mostrou-se convicto de que há espaço no país "espaço para um discurso que fala às pessoas como adultos inteligentes que as pessoas são" e que "não obriga as pessoas a escolher entre a paixão dos populistas e o cinzentismo dos políticos tradicionais".
Quanto à iniciativa "Conversas Parlamentares", organizada pela Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos e pela Associação Académica de Direito, da Universidade Católica Portuguesa, Rui Tavares explicou que, no convite inicial dirigido ao Livre, não tinha sido feita qualquer referência à interdição de comunicação social.
Esta quarta-feira, após o incidente com o jornalista do Expresso, os organizadores comunicaram ao partido que, "não por decisão dos estudantes, a reitoria de acordo com uma leitura dos estatutos da Universidade Católica, não só determinou como regra que não poderia haver jornalistas presentes no auditório como alargou essa regra para todo o campus", detalhou.
O Livre contactou a organização e propôs que a intervenção de Rui Tavares na conversa com os estudantes seja gravada e posteriormente disponibilizada aos jornalistas, disse Rui Tavares, que explicou que desta forma é garantido o acesso à informação sem contribuir "para alimentar uma polarização, um aumento da temperatura e da agressividade do discurso político em Portugal".
O jornalista do Expresso já apresentou queixa na PSP depois de ter relatado que dois jovens "prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento" que decorreu na Universidade Católica.
Contactado pela Lusa, João Dias, da organização, nega que a expulsão do profissional do local tenha constituído uma agressão, argumentando que o jornalista foi abordado "cinco vezes" para deixar o auditório, que a palestra era fechada à comunicação social, e que tal informação foi transmitida aos partidos convidados.
A convocatória enviada pelo Chega à comunicação social, na segunda-feira, dia 15, referia que o presidente do partido falaria aos jornalistas à chegada, o que aconteceu, e limitava apenas a entrada para a palestra aos repórteres de imagem ("câmaras"), citando "indicações da Universidade", sem contudo fazer referências à presença de outros jornalistas, nomeadamente imprensa escrita.
[Notícia atualizada às 19h07]
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