"À medida que se aproximam as eleições, vai surgindo o mesmo de sempre: propaganda, promessas, demagogia, proclamações, hipocrisia e reacionarismo, os silenciamentos seletivos, as deturpações, as manipulações e até as provocações", afirmou Paulo Raimundo no final de um desfile do PCP no Chiado, em Lisboa, provocando os apupos de algumas centenas de militantes do PCP.
O secretário-geral do PCP aludia a uma entrevista que deu esta segunda-feira à noite, no Telejornal da RTP1. Conduzida pelo jornalista José Rodrigues dos Santos e feita no âmbito das eleições legislativas de maio, o único tema abordado em toda a entrevista, que durou cerca de 10 minutos, foi a posição do PCP sobre a guerra na Ucrânia, o que motivou o partido a fazer uma queixa junto da ERC, da CNE e da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ).
No seu breve discurso, Paulo Raimundo salientou que, apesar "dessa propaganda e ilusões", o que "determinará no fim do dia é qual é o reforço da CDU e quantos deputados ao serviço do povo, dos trabalhadores e da juventude é que se confrontarão com os deputados ao serviço dos interesses dos grupos económicos".
"O que determinará, tal como hoje determina, é saber com quem se conta na hora de decidir. E os trabalhadores, a juventude, os que trabalharam uma vida inteira, as mulheres, os que cá vivem e trabalham, sabem -- até mesmo os que discordam desta ou daquela matéria -- sabem que contam e só contam com o PCP e a CDU", disse.
Para o secretário-geral do PCP, a política que estava a ser seguida pelo atual Governo "não serve ao país e é urgente ser travada, pelo que já concretizou e pelo que ambiciona".
"Com o assalto à Segurança Social, alterações à legislação laboral para mais precariedade, mais horas e mais anos de trabalho, mais privatizações, destruição do SNS, corrida aos armamentos e à guerra", defendeu.
Paulo Raimundo defendeu que é necessário "dar mais força à força dos trabalhadores", referindo-se à CDU, salientado que é a "força que não vacila, a força que não hesita".
"Entre o aumento geral e significativo de todos os salários e a apropriação da riqueza criada por parte de um punhado de grupos económicos, escolhemos os trabalhadores. Entre o significativo aumento das pensões e os benefícios fiscais, escolhemos os reformados e pensionistas", disse.
Antes deste discurso, em declarações aos jornalistas à margem do desfile, Paulo Raimundo foi questionado se considerou que a entrevista que deu à RTP foi pouco elucidativa, tendo respondido que o PCP está focado em "resolver a vida das pessoas", garantindo "mais creches, mais lares", melhor acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e à habitação e "melhores salários e pensões".
"É isso que nós queremos discutir, é para esse debate e confronto que nós estamos disponíveis. O resto é contribuir para um grau de desinformação com o qual nós não compactuamos", disse.
Já interrogado sobre notícias que indicam que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não tenciona participar em debates televisivos com o BE, Livre e PAN, Paulo Raimundo recordou que o mesmo lhe sucedeu na última campanha para as legislativas, em 2024.
"Depois, [Luís Montenegro] teve de enrolar a corda -- desculpem a expressão -- e lá tivemos de fazer o debate. Portanto, não dou grande importância a isso", disse.
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