A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, teve, este domingo, uma intervenção em Ponta Delgada, nos Açores, onde falou da crise da Habitação.
"Ontem, saíram milhares de pessoas à rua pelo direito à habitação. O compromisso do Bloco de Esquerda nestas eleições é com cada uma dessas pessoas que sai à rua porque quer uma casa que possa pagar com o seu salário", referiu.
Mortágua sublinhou que é por isso que o Bloco quer não só baixar os juros do crédito à habitação, como "controlar as rendas" e o "turismo desenfreado". "Porque a prioridade e o direito a proteger é o direito a ter uma casa que o nosso salário pague. É esse o nosso compromisso nessas eleições. O que conta nestas eleições é o salário", acrescentou, notando também que nesta região autónoma há 6% de desemprego e 26$% de risco de pobreza. "Isso quer dizer que os salários não bastam para tirar da miséria os trabalhos e os filhos desses trabalhadores. Solidariedade nas prestações sociais. Aqui não há ataque aos pobres. Aqui há solidariedade para combater a pobreza. Há justiça para que todos ganhem salário que retire da pobreza", notou.
Mariana Mortágua defendeu ainda que o salário não só tem de pagar a casa, mas também retirar as pessoas da pobreza. "Temos de combater a maior indignidade, que é ter tanta gente que trabalha, mas continua a ser pobre ao final do mês", asseverou.
No sábado saíram às ruas milhares de pessoas em protesto pelo direito à habitação. Esta foi a terceira grande manifestação a nível nacional.
"Direita pode não conseguir fazer mais nada, mas pobreza sabem criar com mestria"
Para além de falar especificamente da Habitação, Mortágua pediu todo o país veja o que aconteceu nas nove ilhas.
Em 2020, disse, "muita gente acreditou que a única forma de terminar o ciclo da maioria socialista" era votar na oposição de Direita, acabando por surgir uma coligação entre PSD, CDS-PP e PPM, que se juntaram "para satisfazer as suas velhas clientelas", à custa de um "ataque aos mais desprotegidos".
"Os Açores são um exemplo dos problemas que surgem quando se vota na direita para responder ao Partido Socialista. Se o país não gostou de dois anos de maioria absoluta do PS, os Açores foram governados duas décadas por uma maioria absoluta do Partido Socialista, com todos os vícios, com a mesma arrogância e a mesma promiscuidade que a República testemunhou ao longo dos últimos dois anos", afirmou.
Lembrando que a taxa de risco de pobreza aumentou de 22% em 2020 para 26% e que os apoios nesta área desceram 40%, Mariana Mortágua sublinhou que a Direita está a cumprir um objetivo "assumido e expressamente acordado" nos Açores, havendo hoje mais riqueza, mas menos distribuição na região.
"A Direita pode não conseguir fazer mais nada, mas a pobreza eles sabem criar com mestria e com desembaraço", acrescentou.
A dirigente disse que o BE vai "colocar a Direita no lugar" tanto nos Açores como na Madeira, onde "tudo indica que haverá eleições", na sequência da saída do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, acusado de corrupção num processo judicial.
[Notícia atualizada às 16h33]
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