O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, afirmou, esta terça-feira, que "a decisão de saída do Governo [Regional da Madeira] de Miguel Albuquerque foi uma decisão correta".
"Sei que há muita gente que me questiona pelo motivo de não ter verbalizado isso, não ter tomado uma posição prévia. Eu falei sobre a investigação no próprio dia, na quarta-feira, não andei desaparecido. Mas eu não falei dessa possibilidade sem que ele fosse veiculada porque quem tinha de ser, que era pelo próprio Miguel Albuquerque", afirmou, em entrevista na CNN Portugal.
Na ótica de Montenegro, "nós [PSD] não estamos aqui para tutelar o PSD/Madeira e muito menos órgãos dos governos próprios da região". "Nós estamos aqui com respeito pelos princípios de convivência política, partidária e institucional entre quem tem responsabilidades a nível nacional e quem tem responsabilidades num contexto de autonomia", acrescentou.
"Eu tomaria a mesma decisão que Miguel Albuquerque tomou, o 'timing' não vou especular sobre isso. Aquilo que aqui é importante é que Miguel Albuquerque tomou a decisão correta face àquele que era um contexto inesperado que surgiu de um momento para o outro", reiterou, de seguida.
Segundo o presidente do PSD, a posição que tem "a mesma desde o início relativamente àquilo que aconteceu e àquilo que servia inevitável, que era a saída do Governo [Regional da Madeira]". Por sua vez, destacou que preferiu usar o seu magistério "de influência, de interação, em privado e não em público por uma questão de lealdade".
"É uma questão de respeitar a pessoa que devia e queria em primeira mão tomar a decisão e anunciá-la e também respeitar a autonomia regional. Nós não podemos ser autonomistas quando interessa e autonomistas quando não interessa", salientou.
Para o futuro, defendeu que o representante da República "não deve empatar mais este jogo" e deve nomear um novo Governo Regional e deixar a "democracia funcionar" na Madeira.
Questionado se deve ou não haver eleições na Região Autónoma, Montenegro disse apenas que "o PSD-Madeira está preparado para ir a votos" e que, a partir de 24 de março, o Presidente da República deverá "fazer uma avaliação" da situação, quando readquirir os poderes de dissolução.
“A minha avaliação também será veiculada no dia 24 de março (...) Estamos preparados para ir a eleições se para o caso, o PSD-Madeira falará por si”, disse.
Na entrevista, Montenegro afirmou ainda que, “por princípio”, um primeiro-ministro ou um presidente de Governo Regional deve demitir-se perante uma suspeita judicial de crimes cometidos no exercício de funções e, quanto a este caso, disse acreditar que quer Miguel Albuquerque quer Pedro Calado "vão conseguir demonstrar a sua inocência".
Montenegro recusa deixar liderança se perder eleições
Questionado por Anselmo Crespo se caso perca as eleições, continuará como líder do PSD, recandidatando-se à liderança do partido, Montenegro respondeu: "Mantenho essa intenção".
Colocado ainda num caso hipotético em que o Partido Socialista (PS) vença as eleições por maioria, Montenegro é questionado se o PSD apresentará uma moção de rejeição ao Governo do PS, respondendo que está "concentradíssimo em ganhar e ganhar com maioria". "Mas posso dizer, em resultado da relação de confiança, de lealdade com o eleitorado que não seremos nós, naturalmente, a viabilizar um governo que é contra aquilo que nós defendemos", acrescentou.
E continua: "Pedirei uma maioria que nos dê condições de governabilidade. É pedir o apoio máximo que seja alcançável".
[Notícia atualizada às 00h57]
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