"A luta continua". Raimundo andou pelas ruas de Alverca em busca de apoio
A chuva, o vento e algumas dezenas de pessoas acompanharam hoje a primeira arruada de Paulo Raimundo, em Alverca, onde procurou em breves contactos com a população renovar a convicção de um crescimento da CDU nas próximas eleições legislativas.
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Política Campanha
Partindo da Rua Catarina Eufémia, num percurso já trilhado por outras caravanas comunistas em eleições anteriores e que evoca a memória da ceifeira pobre que morreu assassinada numa greve em 1954, o secretário-geral do PCP avançava sem chapéu de chuva, enquanto os apoiantes agitavam as bandeiras vermelhas, verdes, azuis e brancas e se faziam ouvir. "A luta continua, faça sol ou faça chuva" ou "A CDU avança com toda a confiança", entoavam.
Timidamente, o primeiro contacto de Raimundo com uma lojista. À porta da loja Parreira, que vende tecidos, cortinados e varões, Almerinda Belchior queixa-se de que o negócio "nunca esteve tão mau como está agora" em 50 anos. "Temos de mudar isso", responde o líder comunista, cumprimentando as outras pessoas no estabelecimento e avançando rapidamente para mais contactos.
"É a loja mais antiga de Alverca. Temos de fazer força para as coisas mudarem para melhor", conta à Lusa a lojista, que já viu passarem pela sua porta várias campanhas comunistas, mas sem garantir o voto no dia 10 de março: "Já sei em quem vou votar, mas isso é secreto".
Uns metros mais à frente, nova paragem para umas breves palavras do secretário-geral do PCP, desta feita na florista Bazar da Tita. "Vai andando?", pergunta Paulo Raimundo, ouvindo de uma senhora que já "vai andando devagarinho", ao que deixou um pequeno incentivo: "Se puder aguentar, não deixe isto ir abaixo. Felicidades e tudo a correr bem".
O ruído da comitiva nas ruas de Alverca atraía a curiosidade e alguns aproximavam-se até para cumprimentar Paulo Raimundo, que de vez em quando acenava a algumas pessoas que assomavam às varandas para ver a passagem da caravana.
A meio da arruada, a chuva deu curtas tréguas à comitiva da CDU, que incluía o também candidato a deputado António Filipe. Já Paulo Raimundo mantinha o ritmo rápido e fazia agora uma incursão por um café para cumprimentar um senhor que lhe acenou do interior. "Um grande homem do nosso país", disse ao receber Paulo Raimundo, que não conteve o riso.
Pergunta-lhe por Jerónimo de Sousa e o secretário-geral do PCP garante que o antecessor "está rijo", antecipando ainda uma participação do anterior líder comunista na campanha. "É muito expectável, é uma grande surpresa que temos para anunciar um dia destes", respondeu aos jornalistas.
Pouco depois, o final da primeira arruada desde o arranque oficial da campanha, já com um pequeno palco montado na Praça João Mantas. "Andámos e estamos ainda à chuva, mas mesmo a chuva e algum fresquinho que vai no ar não foi suficiente para apagar o calor dos contactos que fizemos nesta curta travessia. Este é o elemento de grande confiança e determinação daqui para a frente. Aquilo que se impõe é intensificar o contacto. Porque queremos e vamos crescer", vaticinou Paulo Raimundo.
Num discurso de cerca de 10 minutos e perante algumas dezenas de pessoas que ainda resistiam ao frio, reitera as prioridades do partido, com o foco na "grande emergência" do aumento dos salários, mas também na defesa do serviço Nacional de Saúde, na subida das pensões e reformas, nos direitos de pais e crianças ou no combate à precariedade e aos lucros das grandes empresas.
Com uma bandeira do partido já enrolada nas mãos, Ana Fernandes, de 68 anos e reformada de uma vida como costureira, não quis faltar a mais uma arruada da CDU por Alverca, apesar de assumir que foi "mais fraca por causa da chuva", defendendo que costuma vir mais gente apoiar nas ruas.
"Nunca falto. Votei toda a vida CDU. Sou pobre, não sou rica", contou à Lusa, indiferente aos números das sondagens -- que ainda vão "subir um bocadinho" -- e ainda a ver Paulo Raimundo vestir nas ruas o fato de líder comunista: "Ainda lhe falta um bocadinho de calo, para ser sincera, mas a gente gosta dele".
A ver a comitiva desmobilizar com o fim do discurso, José Vieira, de 65 anos, salientou que "a arruada correu bem", lembrando que Paulo Raimundo já tinha tido outros contactos com a população local. Apoiante do PCP desde 1974, este empresário por conta própria já com reforma marcada para junho não cede ao pessimismo das sondagens para a CDU.
"Diziam que a CDU ia descer nos Açores e afinal subiu... quanto mais força a CDU tiver, mais pessoas tem o povo para defender os trabalhadores e os seus interesses. É a classe a que pertenço, do povo", disse.
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