Na reta final do discurso no jantar-comício que decorre esta noite em Leiria, Mariana Mortágua referiu-se a declarações sobre cenários proferidas hoje pelo porta-voz do Livre, Rui Tavares, que admitiu ter sido uma notícia que a surpreendeu.
"Quero apenas deixar uma nota sobre este tema e sobre estas declarações. Penso que devemos estar totalmente concentrados em derrotar a aliança PSD/IL e não em projetos de diálogos com esta aliança PSD/IL", criticou.
Segundo a coordenadora do BE, "este é o momento de lutar, este não é o momento de confundir", reiterando que é "possível derrotar a direita" e que os bloquistas não desistem desse objetivo.
"É possível derrotar a direita, é por isso que fazemos esta campanha, com esta clareza, com estes compromissos. Para travar a extrema-direita precisamos de uma esquerda forte, de um Governo que resolva as crises que alimentam o ressentimento e a desilusão", defendeu.
Mariana Mortágua citou ambas as declarações feitas hoje por Rui Tavares, a primeira das quais que se "afasta um bocadinho do resto da esquerda ao admitir que, em caso de vitória da direita, irá dialogar com o PSD e a IL".
"Disse o Rui Tavares e cito que a direita tem de ter com quem dialogar e que é possível fazer muita coisa em conjunto, com a IL e com o PSD, que é necessário para melhorar a nossa democracia. Poucas horas depois ouvi Rui Tavares também a dizer que estará sempre na oposição com a direita e não a negociar uma governação com a direita", referiu.
Na opinião da líder bloquista, "essa esquerda forte, nos 50 anos do 25 de abril, sabe que não é com uma aliança PSD-IL que se vai melhorar a democracia", voltando com estas palavras a afastar-se da posição de Rui Tavares, que chegou a ser eleito eurodeputado como independente pelas listas do BE, cuja delegação acabou por abandonar em rutura com os bloquistas.
"O Bloco provará que é a alternativa que conta para o povo", prometeu Mortágua, passando depois a elencar os motivos pelos quais se deve votar no BE.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Mortágua defendeu que "para derrotar a aliança PSD-IL, é necessário um entendimento mobilizador" sobre habitação, SNS e salários, considerando que "é o voto no Bloco que traz as soluções" para essas áreas.
"O problema desta campanha sobre cenários é que ela empobrece o debate e esconde o debate sobre alternativas, sobre propostas, sobre confronto de ideias, sobre diferentes ideias que cada partido tem para o país. O Bloco não pode ser mais claro: temos oito dias para garantir a vitória e ela vai fazer-se de clareza, de proposta, de compromisso", concluiu.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
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