Num comício da Aliança Democrática (AD) no Expocenter, em Viseu, Fernando Ruas e Nuno Melo recorreram à linguagem futebolística para responder ao ex-secretário-geral do PS e ainda primeiro-ministro, que no sábado comparou a interrupção da atual legislatura a um jogo suspendido aos 40 minutos.
Em noite de jogo entre Futebol Clube do Porto e Sport Lisboa e Benfica, o vice-presidente do PSD, António Leitão Amaro, também utilizou uma metáfora desportiva ou militar, mas tendo alvo o atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos: "Um Governo não é um campo de treino para os incompetentes".
António Leitão Amaro, cabeça de lista pela AD no círculo de Viseu, destacou que no comício do PS no Porto o primeiro-ministro considerou que Pedro Nuno Santos "não pode prometer o que lhe vai na alma, porque tem um custo", o que na sua opinião quer dizer: "Ai meu Deus, se ele faz o que quer".
Fernando Ruas, o primeiro a discursar, criticou António Costa por ter formado Governo em 2015, com o apoio dos partidos à sua esquerda, quando o PS ficou em segundo lugar nas legislativas: "No futebol também se diz que quem ganha o campeonato é quem faz mais pontos. Não é quem se alia aos últimos da tabela para derrubar o Governo, não é assim"
"Só se esqueceu que também no futebol não se deve passar rasteiras. E foi aí que ele começou, começou com uma rasteira ao Seguro" e depois quis ganhar o jogo quando o perdeu. Foi exatamente assim que fez com o PSD", disse ainda o presidente da Câmara Municipal de Viseu.
O presidente do CDS-PP, por sua vez, responsabilizou António Costa pelo fim da legislatura, salientando que foi ele quem apresentou a demissão.
"O jogo acabou porque o doutor António Costa pegou na bola, levou a equipa toda do lado, saiu do campo e pela porta pequena. Foi por isso que o jogo acabou, porque ninguém lhe pediu para sair. Ninguém lhe pediu para sair", apontou.
Nuno Melo contestou que António Costa tenha sido por motivos judiciais: "Deixou de ser primeiro-ministro, mas a razão não foi judicial, nem sequer nasceu em Belém provocada pelo Presidente da República. A razão foi política e foi muito grave e foi por culpa sua, e por isso se demitiu. Ninguém lhe pediu".
"Tinha uma maioria absoluta, tinha os meios, os instrumentos, podia fazer o que quisesse, e o Governo caiu. Um Governo de maioria absoluta caiu de podre, caiu porque a equipa do doutor António Costa já não conseguia marcar mais golos. E foi essa a razão", sustentou.
O presidente do CDS-PP optou depois por outra imagem: "O jogo acabou porque o treinador não prestava. E é preciso uma chicotada psicológica".
"E a chicotada psicológica vai estar aí no próximo dia 10 de março. Doutor Luís Montenegro, vais ser o próximo treinador desta equipa extraordinária, cheia de talentos, que só precisa de quem lhes indique a melhor tática para vencer todos os jogos, aqui e na União Europeia", afirmou.
Quanto a Pedro Nuno Santos, considerou que merece ser colocado "nos bancos da oposição".
Ao dar as boas-vindas a todos em Viseu, Fernando Ruas referiu que "o PS nunca pôs a mão" neste concelho, acrescentando: "Tenho a certeza absoluta de que essa foi a nossa sorte. Nunca meteram aqui o punho fechado. Aliás, sabemos bem que o punho fechado não ajuda ninguém".
Nuno Melo começou o seu discurso pedindo que não olhassem para ele como "presidente do CDS", porque na AD sente-se "somente um soldado de um grande exército liderado pelo Luís Montenegro que vai mudar os destinos de Portugal".
"O tempo é teu, meu querido amigo, grande líder Luís Montenegro", declarou, no fim da sua intervenção.
[Notícia atualizada às 20h15]
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