Num jantar-comício da AD perante cerca de 2.500 pessoas, Paulo Portas elogiou o líder do PSD, Luís Montenegro, pelas suas posições constantes e coerentes sobre o tema da governabilidade.
"O que disse Luís Montenegro: governo se ganhar, aceito governar em maioria relativa se necessário e não haverá acordos com extremistas. Estas três coisas qualquer pessoa sabe sobre Luís Montenegro", disse.
Num discurso de cerca de 40 minutos, o antigo vice-primeiro-ministro fez o mesmo exercício relativamente aos líderes do PS e do Chega, começando por Pedro Nuno Santos e as suas posições sobre cenários pós-eleitorais, recorrendo a um jogo de palavras.
"Não viabilizo um Governo da AD, zigue. Talvez viabilize um Governo da AD, zague. Retiro o que disse sobre viabilizar, zigue. Afinal não retiro nem mantenho o que tinha dito no dia anterior, zague", enumerou, provocando risos na plateia.
E deixou a pergunta: "Como pode o centro votar em Pedro Nuno Santos que muda de opinião dia sim dia sim sobre a questão da governabilidade de Portugal?".
Paulo Portas fez, depois, o mesmo exercício sobre "o tal partido extremista", sem nunca dizer a palavra Chega.
"Que sabemos deles? Que ameaçam fazer uma moção de rejeição contra a AD ainda as pessoas não votaram, pingue. Depois que suspendem a decisão, pongue. Depois 'logo vejo caso a caso', pingue. Agora não governam porque eu não deixo, pongue. Como é que alguém que se diz de direita pode votar nesta inconstância permanente?", perguntou.
O antigo líder do CDS-PP deixou a sua conclusão, falando diretamente para os eleitores moderados.
"Com Luís Montenegro não haverá extremistas no Governo, com Pedro Nuno Santos haverá extremistas no Governo, é uma grande diferença", realçou.
Portas deixou ainda outra crítica implícita a André Ventura, sem o nomear, depois de o líder do Chega no seu discurso já ter evocado várias vezes Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.
"Nenhum deles jamais distinguiria os portugueses pela cor da sua pele ou pela etnia (...) Não deixem que na política portuguesa se instale o vírus do ódio", pediu, recordando a mensagem do papa Francisco de "todos, todos, todos".
Ainda sobre o PS e o Chega, Portas considerou ter falhado a tentativa de "polarizar a campanha entre o socialismo de um lado e o extremismo do outro", a que na convenção da AD tinha chamado de tenaz.
O ex-líder do CDS-PP disse que esta "tática perigosa" foi usada no parlamento nos últimos anos "como uma espécie de combinação tática" entre os socialistas e os extremos para tornar "o PSD o mais invisível possível".
"A combinação era esta: eu ofendo-te, tu ofendes-me, eu insulto-te, tu insultas-me e logo à noite nas notícias passamos nós os dois e, o centro-direita, que era a alternativa, não passava", disse, sugerindo que até "dá ideia que combinavam as ofensas e os insultos".
Para Portas, esta tentativa de polarizar falhou "porque apanharam pela frente uma grande marca política que nunca falhou uma eleição a que se candidatou, a AD".
"Queriam uma eleição entre socialistas e extremistas, não a vão ter, vão ter uma competição entre os dois únicos blocos capazes de governar: um PS fracassado ao longo de oito anos e um centro-direita revigorado capaz de ganhar as eleições", acusou.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e atual comentador político invocou ainda a atual situação de instabilidade internacional como argumento contra o voto no PS ou no Chega, partido que nunca nomeou.
"Será sábio em tempos de incerteza ter um governo com a presença em Portugal do PCP, que é pró russo, e do BE que é anti-NATO? Tenho muitas dúvidas", disse, pedindo também aos eleitores "cuidado com os amigos" e aliados internacionais do Chega, referindo-se a Salvini na Itália e à AFD alemã.
[Notícia atualizada às 23h49]
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