"Não será pelo PCP que o projeto da Direita será implementado no país"

O secretário-geral do Partido Comunista Português acenou com eventuais "convergências" à Esquerda para fazer frente a eventuais propostas de Governo protagonizadas pela Direita. E admitiu apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da AD.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

José Miguel Pires com Lusa
13/03/2024 11:16 ‧ 13/03/2024 por José Miguel Pires com Lusa

Política

Paulo Raimundo

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, disse que "não será pelo PCP que o projeto da Direita será implementado no nosso país".

"Face à previsível formação de Governo pelo Partido Social Democrata (PSD) e para lá das simuladas discordâncias de outros, o PCP reafirma, em coerência com aquilo que sempre afirmou, que dará, desde o primeiro minuto, combate à política de Direita e aos projetos reacionários que se procuram afirmar", defendeu.

O PCP irá cumprir este objetivo "utilizando todos os meios que tem a seu dispor para este combate", retorquiu Paulo Raimundo, numa altura em que o Bloco de Esquerda (BE) propôs uma negociação entre os partidos da ala esquerda do hemiciclo com vista à formação de um Governo, na sequência das eleições legislativas de 10 de março.

"Naturalmente, participaremos", disse aos jornalistas, quando questionado sobre o convite avançado pelos bloquistas.

"Retrocesso"? BE pede reunião à Esquerda e PS e Livre dizem 'presente'

O Bloco de Esquerda pediu reuniões com os partidos à Esquerda, para falar sobre acordos de governação. O Partido Socialista já se mostrou "disponível" e o Livre disse que seria o "bloco mais coeso" para uma solução de Governo. CDU e PAN também foram convidados às reuniões.

José Miguel Pires | 08:10 - 13/03/2024

Em declarações desde a sede do partido em Lisboa, onde apresentou conclusões da reunião do Comité Central, Raimundo afirmou também que "para lá das manobras e aparentes discordâncias entre PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal (IL) e Chega, no que é central e decisivo para os interesses e objetivos do grande capital, lá serão encontradas todas as convergências necessárias".

Ao mesmo tempo, criticou o Partido Socialista (PS), que "não pode ser desresponsabilizado, desde logo porque, com tudo na mão - uma maioria absoluta, um Governo e condições financeiras - não respondeu aos problemas centrais da vida dos que vivem e trabalham no nosso país e ao não fazê-lo aumentou uma justa indignação e sentimento de injustiça".

"O PS optou, isso sim, por responder aos interesses dos grupos económicos e, em particular nestes últimos dois anos, optou e não desperdiçou nenhuma oportunidade para alimentar e se alimentar das forças mais reacionárias que existem no nosso país. Os resultados destas opções do PS estão à vista", atacou ainda Paulo Raimundo.

PCP admite apresentar moção de rejeição

Questionado se o partido admite apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da AD, o líder comunista respondeu: "Com toda a clareza digo que sim".

"O facto de nós avançarmos para esta iniciativa é um sinal político que queremos dar, que é para ficar logo claro ao que é que se vai. Da nossa parte, nós não temos nenhuma ilusão sobre qual é o projeto do PSD e do CDS, da direita. Não temos nenhuma ilusão qual é o caminho e as consequências na vida das pessoas, dos trabalhadores e do país", afirmou.

Numa alusão aos restantes partidos de esquerda, Paulo Raimundo referiu que esta moção de rejeição é "um sinal claro que só obriga a quem a apresenta, mas outros também farão as opções que entenderem sobre essa matéria".

"Quem nos quiser acompanhar, acompanhará, quem não quiser acompanhar, não acompanha. Aquilo que fazemos não é para arrastar outros, é para dar um sinal claro de que, connosco, o projeto da direita não avança", disse.

Os resultados provisórios das eleições legislativas de domingo divulgados pelo Ministério da Administração Interna, quando faltam contar apenas os votos dos círculos da Europa e Fora da Europa (quatro mandatos no total), mostram que a Aliança Democrática conquistou 29,49% dos votos e 79 lugares no Parlamento - três dos quais foram eleitos pela coligação Madeira Primeiro, que não contém o PPM.

Logo a seguir está o PS, que obteve 28,66% dos votos, assegurando 77 mandatos.

Em terceiro lugar ficou o Chega, com 18,06% dos votos e 48 mandatos, quadruplicando o tamanho do grupo parlamentar que tinha formado em 2022. A quarta força política é a Iniciativa Liberal (IL), com 5,08% e oito mandatos, seguida pelo BE, com 4,46% e cinco deputados.

A CDU viu o seu grupo parlamentar encolher para quatro deputados, com 3,30%, ao passo que o Livre deixou de ser um partido com um só representante, conquistando quatro mandatos com 3,26% dos votos.

O PAN manteve o lugar conquistado em 2022, com 1,93% dos votos.

[Notícia atualizada às 11h53]

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