Os representantes destes partidos falavam aos jornalistas no encerramento da IX Convenção Nacional da IL, que decorreu em Loures (distrito de Lisboa), após a reeleição de Rui Rocha como presidente do partido.
João Torres, membro do Secretariado Nacional do PS saudou a reeleição do líder dos liberais, mas criticou as ideias que defendeu no seu discurso de consagração.
Considerando que "as ideias políticas que a Iniciativa Liberal defende estão, em muitas matérias, nos antípodas" das do PS, "são lesivas" para o país e até "consideradas extremistas até por partidos políticos que integram as formações europeias que a IL integra".
"A Iniciativa Liberal é uma iniciativa radical na economia, radical no sentido da privatização, radical no sentido também da desregulação e isso levaria, evidentemente, a um país sem Estado. E nós sabemos que o Estado, em particular o Estado Social, é fundamental para melhorar e valorizar a qualidade de vida dos nossos concidadãos residentes em Portugal", defendeu.
O deputado e antigo secretário-geral adjunto do PS assinalou também que a candidatura presidencial de Mariana Leitão, atualmente líder parlamentar da IL, "não representa o espetro político da esquerda, do centro-esquerda, onde o PS se afirma".
Nurin Mirzan, do grupo de contacto do Livre (órgão executivo do partido), salientou as diferentes visões para o país defendidas pelas duas forças políticas, considerando que a IL é "assente no enfraquecimento do Estado e na política do salve-se quem puder", enquanto o Livre defende "a justiça social e a justiça climática".
"A IL é muito limitada em termos de propostas", acusou a dirigente, considerando que "não tem respostas a dar" para combater a crise climática, "as medidas para a habitação apenas agravam o enorme problema" e na saúde propõe "nada pouco mais do que a privatização do SNS, o que teria resultados catastróficos para o país e significaria um retrocesso de décadas".
Pelo PAN, Pedro Fidalgo Marques felicitou a nova direção eleita pela IL, mas considerou que Rui Rocha se esqueceu de "grande parte das pessoas" no seu discurso, uma vez que não abordou problemas como a habitação.
O membro da Comissão Política Permanente do PAN partiu do mote lançado pelo presidente da IL no seu discurso e alertou que ao "acelerar, acelerar, acelerar", é preciso ter "atenção para não serem apanhados em excesso de velocidade e despistar o país".
"O que nós precisamos realmente é de pensar nas pessoas, temos que pensar no que as pessoas precisam e é todas as pessoas, todo o povo, da classe mais baixa à classe mais alta, o que for, não é só focar nos interesses instalados, não é só focar nas riquezas e nos lóbis que estão instalados", defendeu.
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