BE vai "falar" com outros partidos para "criar convergência" na oposição

Líder do Bloco de Esquerda foi recebida pelo Presidente da República, em Belém, a quem transmitiu preocupações com "uma viragem à direita no país" e com "um crescimento muito preocupante da extrema-direita", mas também sobre a situação na Madeira.

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© Rui Ochoa/ Presidência da República

Carmen Guilherme com Lusa
15/03/2024 18:38 ‧ 15/03/2024 por Carmen Guilherme com Lusa

Política

Mariana Mortágua

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, afirmou, esta sexta-feira, que "há uma viragem à Direita, não há uma maioria de Esquerda no Parlamento" e, por isso, o partido "assumirá uma posição de oposição", procurando falar com as restantes forças partidárias "para criar convergência" nessa mesma oposição.

Em declarações aos jornalistas, depois de ser recebida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém, Mariana Mortágua começou por dizer que os resultados das eleições legislativas mostram uma "maioria expressiva à direita", um resultado "admitido pelo próprio secretário-geral do Partido Socialista (PS), quando, na noite das eleições, deixou a conhecer que ficaria na oposição".

"Essa é a leitura que fazemos dos resultados eleitorais. Há uma viragem à Direita, não há uma maioria de Esquerda no Parlamento e, portanto, o BE assumira uma posição de oposição", afirmou.

"Queremos, desde já, falar com os restantes partidos, os restantes partidos da Esquerda, os restantes partidos Ecologistas, para criar convergências nessa oposição, para criar pontes, para criar diálogo sobre o que aconteceu nestas eleições, sobre a oposição a um Governo de direita e também sobre as mobilizações que queremos que sejam as maiores para podermos ter uma manifestação histórica no 25 de Abril", acrescentou, referindo que "a eleição é muito clara, apesar da contagem de votos que ainda é preciso fazer na emigração" e que o BE "será uma oposição determinante". 

Precisamente sobre estas reuniões pedidas pelo Bloco de Esquerda aos outros partidos - que aceitaram -, a líder bloquista disse que ainda não há datas definidas, mas que o objetivo é que aconteçam antes da instalação do Parlamento.

"Não há datas, ou seja, estamos neste momento a acertar calendários entre as várias delegações partidárias. E sim, gostaríamos que fosse antes da instalação da Assembleia da República", disse. 

Interrogada sobre se foi possível perceber o grau de preocupação do Presidente em relação ao crescimento da extrema-direita, Mariana Mortágua recusou falar sobre "as posições" do Chefe de Estado. 

"Posso apenas dizer que o que o BE manifestou ao senhor Presidente da República foi uma enorme preocupação com os resultados eleitorais e uma enorme preocupação, como não poderia deixar de ser, com o crescimento da extrema-direita, que certamente implicará no funcionamento da Assembleia da República, como já implicava no passado", frisou.

A coordenadora do Bloco de Esquerda destacou ainda a importância da "expressão de rua" e, por isso, o partido quer "uma enorme mobilização para a manifestação do 25 de Abril".

"Cá estaremos e iremos reforçar o nosso trabalho quer no Parlamento quer fora do Parlamento", completou.

 BE pede a Marcelo eleições na Madeira

Outra preocupação que a líder do BE levou a Marcelo foi sobre a situação na Madeira.

"Para garantir uma questão de coerência com decisões tomadas no passado é importante que o senhor Presidente da República convoque eleições na Madeira e quisemos também deixar essa nota, mantendo uma posição que já tínhamos tomado no passado e que continuaremos a defender", apelou.

Mais à frente, explicou: "O PSD Madeira não tem condições para se manter no governo, independentemente da liderança desse governo. Achamos que há uma crise de regime, uma crise da governação do PSD na região autónoma da Madeira ao longo de décadas e que a saída para uma crise política desta dimensão e com esta gravidade são eleições. Defendemos isso na República, defendemos isso na Madeira em coerência e esperamos a mesma coerência por parte do senhor Presidente da República", rematou.

No âmbito das audiências que o Presidente da República está a fazer aos partidos na sequência das eleições legislativas, Mariana Mortágua chegou ao Palácio de Belém às 17h00 em ponto, acompanhada pelos dirigentes Jorge Costa e Fabian Figueiredo, tendo estado Marcelo Rebelo de Sousa quase uma hora e meia.

Nas eleições de domingo, o BE falhou o objetivo de afastar a direita e recuperar deputados por Aveiro, Braga, Santarém ou Faro, apesar de ter subido a votação em cerca de 30 mil votos e mantido os mesmos cinco mandatos, fixando-se como quinta força política.

[Notícia atualizada às 19h05]

Leia Também: PCP avisou Marcelo que usará "todos os meios" para combater Direita

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