Governo de Montenegro? "Alguns indicadores são complicados"
Catarina Martins deixa críticas a algumas escolhas feitas por Luís Montenegro, nomeadamente nas áreas da Saúde, Educação e Infraestruturas.
© Rita Franca/NurPhoto via Getty Images
Política BE
Catarina Martins, antiga coordenadora do Bloco de Esquerda, criticou, esta segunda-feira, a composição do XXIV Governo Constitucional, que irá tomar posse amanhã, considerando que "alguns indicadores" são "complicados".
No programa 'Linhas Vermelhas', da SIC Notícias, Catarina Martins foi ao encontro do que já havia sido dito pela líder bloquista, Mariana Mortágua, criticando, inclusive, as escolhas de Montenegro para a pasta da Saúde, Educação e Infraestruturas.
Saúde
"[Há] alguns indicadores do Governo que são complicados", começou por dizer a ex-deputada, começando por pegar no exemplo de Ana Paula Martins, que irá ser ministra da Saúde.
"A ministra da Saúde era presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar [Universitário de Lisboa Norte] Santa Maria, o maior centro hospitalar de Portugal, e abriu uma guerra com o departamento de obstetrícia, que é uma área em que já temos tão poucos médicos no SNS (Serviço Nacional de Saúde). E encerrou mesmo - sem que se tivesse percebido ate hoje porque é que encerrou naquela altura - um serviço de obstetrícia que servia tantas pessoas", atirou.
A bloquista entende que Ana Paula Martins "criou uma situação impossível com os médicos daquele serviço, o que levou alguns médicos a desistirem do SNS". "É exatamente o oposto do que precisamos. Nós precisávamos de ter no Ministério da Saúde quem soubesse criar soluções com as equipas, com os médicos, com os enfermeiros, com quem se dedica de corpo e alma ao SNS e não contra as equipas", frisou.
Infraestruturas
"Outro indicador" menos positivo é, na sua ótica, Miguel Pinto Luz à frente da Infraestruturas, sendo necessário "lembrar o que foram as privatizações da TAP e da ANA".
"A privatização da TAP foi uma privatização em que a TAP foi comprada com o dinheiro da própria TAP. Com o negocio dos aviões. Voltar quem esteve nessas equipas, quem achou estes processos normais, é complicado", apontou.
Educação
Às críticas juntou-se ainda a escolha de Luís Montenegro para o Ministério da Educação: Fernando Alexandre. "Tenho a ideia de que mudará a Educação contra os professores. Há anos demais que se acha que se vai resolver os problemas da Educação contra os professores. Os professores estão na escola todos os dias, fazem a escola pública e precisávamos, seguramente, de alguém que compreendesse que é com os professores que se resolve os problemas da escola pública", criticou, considerando que Fernando Alexandre "teve sempre uma postura" "muito distante" do "cuidado que se deve ter com os trabalhadores do Estado".
Defesa
Questionada sobre a escolha para a tutela da Defesa, que será assumida pelo centrista Nuno Melo, Catarina Martins considera que este devia começar a sua governação com uma auditoria.
"Não conhecemos a experiência de Nuno Melo na área da Defesa, também veremos", disse.
Recordando que há em curso uma investigação na Defesa a uma "série de negócios, que atravessaram vários governos" e que terão "lesado o interesse público", a antiga dirigente bloquista defendeu que uma "ótima forma" de Nuno Melo começar o seu mandato era com uma "uma auditoria aos processos e tomada de decisão no Ministério da Defesa". "Para termos a certeza de que aquilo que tem estado em investigação e todos os processos não se repetiam. O Ministério da Defesa bem precisava dessa auditoria e desse escrutínio forte", frisou.
Ainda sobre a composição do Governo, Catarina Martins considera que "houve uma vontade de fazer um governo bastante à direita e abrangente", nomeadamente com governantes "muito ligados à Iniciativa Liberal". "Portanto, temos este governo da AD, que tem PSD e CDS, mas também tem, ainda que informalmente, a IL", atirou, referindo que será "interessante" ver o programa de Governo.
Regresso do serviço militar obrigatório?
Catarina Martins manifestou-se ainda contra o regresso do serviço militar obrigatório, que ganhou espaço no debate político depois de os chefes do Estado-Maior da Armada e do Exército terem pedido que se reequacione essa possibilidade.
"Na verdade, discutir o serviço militar obrigatório é não discutir problemas que há de missão das próprias Forças Armadas, e de carreira, salários, condições, de quem vai, voluntariamente, para as Forças Armadas", afirmou.
"Portanto, dizer, sem se discutir nem a missão nem as carreiras e os salários, que se vai repor o serviço militar obrigatório, é péssimo serviço para tudo", rematou.
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