"O PS tem muito mais do que linhas vermelhas, tem um sentido proibido bem vermelho relativamente ao Chega", disse, sublinhando que esta postura difere da do líder e cabeça de lista do PSD, Miguel Albuquerque, que não põe de parte a possibilidade de acordos com o partido de André Ventura.
Paulo Cafôfo falava aos jornalistas no decurso de uma visita ao Centro de Saúde de Santana, no norte da ilha, no âmbito da campanha eleitoral para as eleições antecipadas.
"Tenho a certeza de que o voto no Chega, por exemplo, é um voto em Miguel Albuquerque", disse, reagindo às declarações de André Ventura, no domingo, de que o partido não faria qualquer acordo com os sociais-democratas nem com o PS na região.
O cabeça de lista socialista, também líder da estrutura regional do partido e deputado na Assembleia da República, afirmou que, ao contrário de outras forças, o PS não se vende.
"Estou a falar do CDS, estou a falar do PAN, mas também do Chega ou da Iniciativa Liberal, que, não tenho qualquer dúvida, no dia a seguir às eleições vão-se juntar ao PSD", declarou, para logo reforçar que "a nível da República, André Ventura bem quer aliar-se ao PSD".
Paulo Cafôfo recorreu ao lema da sua candidatura -- "Vamos virar a página" -, vincando que isso só será possível com a vitória do PS.
"Se as pessoas querem uma mudança, se querem um virar de página, esse virar de página só pode ser com o PS, até porque a dispersão de votos hoje em dia será sinal de ingovernabilidade e aquilo que nós desejámos é que possamos ter uma estabilidade, e essa estabilidade só pode ser conseguida com o PS", disse.
O candidato considerou que o "epicentro da instabilidade" na região está em Miguel Albuquerque, lembrando que a crise política que conduziu a marcação de eleições antecipadas "começou em Albuquerque e na cúpula do PSD".
Em relação ao Centro de Saúde de Santana, Paulo Cafôfo acusou o Governo Regional PSD/CDS-PP, em gestão desde fevereiro, de "oportunismo e eleitoralismo" ao promover no princípio de maio a reabertura do serviço de urgência em horário noturno, que não funcionava há 12 anos.
"Esta abertura das urgências [em horário noturno] em Santana, mas também em outros concelhos como o Porto Moniz, a Ribeira Brava e Câmara de Lobos, é uma vitória do PS, porque durante estes anos todos em que estiveram fechadas sempre lutámos junto com as populações para a sua reabertura", declarou.
O candidato socialista acrescentou que o executivo madeirense está a usar as pessoas para ganhar votos.
"O objetivo do Governo do PSD nunca foi ajudar as pessoas, mas usar as pessoas, porque era um dispêndio inútil de dinheiro [manter o serviço noturno de urgência aberto], mas agora, nas vésperas das eleições, já não é. Se calhar pensou que seria um dispêndio inútil de votos", disse.
As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
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