O antigo presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva lamentou a "nomeação de um militar" para a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), referindo-se à escolha de António Gandra d’Almeida, tenente-coronel médico dos quadros permanentes do Exército português, para o cargo ocupado anteriormente por Fernando Araújo.
"Lamento ter de dizer que não concordo com a nomeação de um militar para a direção executiva do SNS", escreveu Santos Silva numa publicação nas redes sociais, esta quarta-feira, afirmando que "este é um lugar de responsabilidade técnico-política, e não apenas técnica".
O antigo presidente do Parlamento considerou que o cargo "envolve escolhas, comunicação, debate, escrutínio político" e "está no centro da política de saúde e na controvérsia política em torno dos resultados dessa política".
De seguida, Santos Silva fez questão de realçar que "os militares portugueses são geralmente muito competentes, e a questão da competência também não se coloca neste caso, vista a formação, experiência e desempenho profissional do oficial nomeado".
"Os militares devem ser preservados do debate político", retorquiu, ainda assim, considerando que, "se pode fazer sentido nomear militares para dirigir estruturas do Ministério da Defesa Nacional, da Proteção Civil, da Guarda Nacional Republicana (que é uma força militarizada), ou encarregá-los de missões técnicas temporárias que envolvam uma forte componente logística (como foi o caso da vacinação contra a Covid-19)", não será "prudente" designá-los "para cargos tão sensíveis politicamente como a direção executiva do SNS".
"Na minha humilde opinião, que pode estar errada, evitar fazê-lo não é menorizar as Forças Armadas. É respeitar a sua razão de ser e o seu enquadramento constitucional", concluiu.
O Governo anunciou a escolha de António João Sant’Anna Gandra Leite d’Almeida, de 44 anos, "para liderar a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
"O novo diretor executivo é tenente-coronel médico dos quadros permanentes do Exército português e ocupa o cargo de Comandante do Agrupamento Sanitário, mantendo atividade assistencial hospitalar e pré-hospitalar", lê-se no comunicado oficial do Executivo, acrescentando que é "licenciado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa" e foi, entre 2021 e 31 de janeiro deste ano, diretor da Delegação Regional Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Leia Também: DE-SNS demissionária diz que operação 'Nascer em Segurança' foi segura