Em declarações aos jornalistas após ter visitado o Museu Nacional Resistência e Liberdade, na fortaleza de Peniche, João Oliveira considerou que, no plano hoje apresentado, "há uma clara desconsideração por parte do Governo de questões que são absolutamente essenciais para que todos os cidadãos em Portugal tenham o mesmo acesso à saúde".
"O Governo despreza completamente a necessidade de reforçar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), desde logo com um aspeto que é absolutamente crítico: nós precisamos de médicos, de enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, assistentes técnicos, auxiliares de ação médica", afirmou.
O candidato acrescentou que Portugal pode ter "hospitais, centros de saúde e equipamentos", mas, "se não tiver profissionais de saúde", não conseguirá "dar a resposta que é preciso garantir a todos os cidadãos em condições de igualdade".
"O Governo despreza em absoluto a resposta que é preciso dar para garantir profissionais de saúde em número e em condições de trabalho e de valorização das suas carreiras adequadas às necessidades" da população, reforçou.
Por outro lado, o cabeça de lista da CDU considerou que o Governo fez também "uma clara opção pela transformação do SNS numa espécie de agência para o negócio privado que os grupos económicos vão fazendo com a doença".
João Oliveira defendeu que isso se vê "não apenas pela falta de resposta e de capacidade do SNS a que o Governo se acomoda", mas também porque transforma o SNS numa "espécie de porta de entrada para os utentes depois serem encaminhados" para os privados.
O candidato referiu que há estudos de organizações científicas internacionais que apontam que são necessários cerca de dois mil psicólogos no SNS, enquanto o Governo "diz que vai contratar 100", e salientou que abrir um concurso com 900 vagas para médicos de família também não vai responder à carestia que se verifica atualmente.
"Em concursos anteriores, inclusivamente em concursos em que foram abertas vagas desta mesma dimensão, muitas delas ficaram desertas, porque há zonas do país para as quais os médicos não querem ir e que exigem outro tipo de resposta", afirmou.
Para João Oliveira, o plano "não é de quem está a querer investir no SNS".
"É um Governo que está a procurar criar campo para o negócio privado da doença, não é um Governo que esteja preocupado em garantir a todos os cidadãos condições de igualdade", acusou.
Sobre o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), hoje divulgado, João Oliveira manifestou preocupação com o facto de identificar "um aumento da criminalidade violenta" e do discurso de ódio e de violência provocado pela ação e a organização das forças de extrema-direita.
Apesar disso, João Oliveira salientou que Portugal "não deixou de ser um país globalmente seguro" e defendeu que é necessário "encontrar as soluções" para garantir que o continua a ser.
"Isso exige medidas de garantia da segurança das populações, de capacitação das nossas polícias e sistema de justiça, para dar combate à criminalidade organizada e violenta, à criminalidade económica e financeira", defendeu, pedindo que se capacitem as forças de segurança e as forças de investigação criminal.
"Este é um combate também em defesa da democracia, porque o direito à segurança das populações e o combate à criminalidade não são aspetos de pouca monta para garantir o respeito pela democracia", advertiu.
Durante a visita ao Museu Nacional Resistência e Liberdade, João Oliveira visitou a cela do histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal e ouviu o relato da sua famosa fuga da fortaleza, em 03 de janeiro de 1960, tendo sido acompanhado durante toda a visita pela diretora do museu, Aida Rechena, e pelo antigo preso político José Pedro Soares.
No final, o candidato defendeu que é essencial "destacar a importância da luta pela liberdade e pela democracia, que nunca está acabada", salientando que "os direitos conquistados com o 25 de Abril estão por cumprir".
[Notícia atualizada às 18h16]
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