Em entrevista à RTP no domingo à noite, o cabeça de lista do Chega, António Tânger Corrêa, sustentou que o antigo primeiro-ministro socialista António Costa "não seria um mau candidato, objetivamente" e não afastou a hipótese de apoiá-lo para um cargo europeu, "por ser português".
Sobre o próximo Orçamento do Estado, indicou que o atual Governo conta com o Chega: "Connosco contam, nós não vamos diretamente deixar abaixo o Governo, isso é muito claro. Por nossa iniciativa, ele não cai".
Já em declarações à SIC e à CNN ao final da manhã, antes da primeira iniciativa de campanha do dia, o candidato referiu que a "única vantagem" de Costa "é ser português".
"Eu dou-me bem com António Costa. Aliás, é o timbre de um diplomata dar-se bem com as pessoas. Ele tem família em Goa. Eu ajudei muito a família dele, quando não era ninguém, mas ajudei a família dele. E a partir daí criámos, enfim, uma relação franca e com alguma coisa", disse.
Confrontado com estas declarações, o presidente do Chega foi taxativo: "Nós não vamos apoiar António Costa, o que nós não queremos para o nosso país, não queremos para a Europa".
"O que disse o nosso candidato é que alguém que foi primeiro-ministro em Portugal, como em toda a Europa, é objetivamente um candidato que pode ser apresentado ao Conselho Europeu. Agora, pode o Chega apoiar António Costa? É evidente que não", salientou, dizendo que "está fora de questão".
André Ventura considerou que António Costa "foi dos piores primeiros-ministros" que Portugal teve e que não quer "para a Europa o desastre" que aconteceu em Portugal.
Sobre o Orçamento do Estado, o presidente do Chega disse que o partido não quer "chumbar por chumbar".
"Agora, se o orçamento for no sentido do que têm ido estas medidas de Luís Montenegro, desta desilusão permanente, há condições difíceis para isso", sustentou.
André Ventura considerou também que o PSD escolheu o PS como "parceiro preferencial "neste quadro parlamentar" e portanto "é com o PS que eles têm de se esforçar para chegar a um apoio parlamentar".
António Tânger Corrêa participou hoje num passeio numa zona residencial em Algueirão-Mem Martins, e na altura das declarações aos jornalistas disse apenas que "não é uma opção do Chega neste momento chumbar o orçamento por chumbar o orçamento, deitar abaixo o Governo por deitar abaixo o Governo".
"Não é o nosso objetivo neste momento deitar abaixo o Governo", indicou.
A comunicação social tentou obter mais esclarecimentos por parte do candidato, que recusou, não tendo falado inclusivamente sobre mais nenhum assunto.
Durante a arruada, por entre prédios, foram muito poucos aqueles com quem a comitiva do Chega se cruzou. O passeio terminou junto a uma escola que André Ventura frequentou, tendo o líder do Chega interagido com algumas crianças, ainda sem idade para votar, junto às grades.
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