A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esteve, na quinta-feira, em Portugal para se juntar à campanha da Aliança Democrática (AD) para as eleições Europeias. A passagem da também candidata do Partido Popular Europeu (PPE) a um segundo mandato centrou-se no Porto, onde participou numa arruada e num comício, que terminou com protestos e até um manifestante detido.
Von der Leyen começou a descer a rua de Santa Catarina, no Porto, pelas 18h40, acompanhada pelo líder da AD, Luís Montenegro, e do cabeça de lista às Europeias, Sebastião Bugalho. Na primeira fila da arruada estiveram também o ministro da Defesa, Nuno Melo, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Antes de se fazer à viagem, que durou cerca de meia hora, Von der Leyen reuniu-se com Luís Montenegro para um encontro bilateral, no Palácio da Bolsa, ao qual se seguiu uma visita guiada com Sebastião Bugalho, Paulo Rangel e Nuno Melo.
Após a arruada, seguiu-se um comício, onde Montenegro, ao lado de Von der Leyen e Bugalho, se mostrou convicto de que a candidatura da AD está "no bom caminho". No entanto, considerou que não se pode "dormir à sombra da bananeira" e deve-se lutar até ao fim.
"Eu sei que estamos no bom caminho. Há até várias sondagens que apontam que estamos em crescendo. Mas eu quero dizer-vos hoje aqui olhos nos olhos: não podemos dormir à sombra da bananeira, nós temos de ir até ao fim, temos de dar tudo, nós vamos dar tudo para ganhar no próximo domingo", apelou.
No mesmo comício, Bugalho justificou o apoio a Ursula von der Leyen porque a coligação e a candidata à Comissão Europeu partilham "linhas vermelhas" e "não brincam com o fogo da história".
"É a defesa do Estado de direito, da pertença europeia, da paz na Ucrânia. Essas são as linhas vermelhas da AD, do PPE, que nós temos e que os outros recusaram toda a campanha responder se têm ou não", afirmou.
Discurso de Von der Leyen interrompido por manifestantes. "Se estivessem em Moscovo, em dois minutos estariam presos"
Houve ainda um discurso de Von der Leyen, que acabou por ser interrompida por manifestantes pró-Palestina. Antes, a presidente da Comissão Europeia assinalou o 25 de Abril para lembrar os valores fundamentais da União Europeia (UE) em risco, como democracia, pela ascensão da extrema-direita do Chega.
"Portugal acaba de celebrar um aniversário importante. Há 50 anos, um vento de mudança percorreu as ruas de Lisboa. Foi um vento forte, mas um vento poderoso e pacífico que derrubou a última ditadura da Europa. A revolução dos cravos trouxe esperança e mudou Portugal para sempre", declarou, acrescentando que "o povo português ansiava pela liberdade, ansiava pela democracia e finalmente abraçaram-na e abraçaram o destino europeu", mas "esses valores fundamentais estão novamente em causa", como a democracia, acrescentou a candidata de centro-direita.
O discurso foi interrompido por cerca de 20 manifestantes, que gritavam "Palestina Livre", com as mãos pintadas de vermelho a lembrar o sangue do confronto. Von der Leyen tentou continuar o discurso, mas as atenções no comício estavam centradas nos manifestantes, que acabaram por abandonar o local acompanhados pela polícia.
"Podem dar-se por contentes por estarem no Porto, que é livre, e não na Rússia, em Moscovo. Em Moscovo, seria diferente. Se estivessem em Moscovo, em dois minutos estariam presos", atirou Ursula von der Leyen.
Um dos manifestantes que interrompeu o discurso acabou por ser detido pela Polícia de Segurança Pública (PSP). Segundo a autoridade, em causa esteve um crime de "resistência e coação sobre funcionário".
Um detido em protesto pró-Palestina durante discurso de Von der Leyen© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images
Sublinhe-se que, em Portugal, as eleições europeias realizam-se no domingo e serão disputadas por 17 partidos e coligações: AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP. Serão eleitos 21 deputados.
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