"Depois de tudo o que disse de mim e do meu partido, a sua vontade era estar aqui ao meu lado" na bancada do Governo, afirmou Luís Montenegro no debate quinzenal na Assembleia da República, durante o qual trocou críticas e acusações com André Ventura.
Essa é "a maior contradição, a maior expressão do seu oportunismo político, do populismo, da demagogia, da sua falta de consistência, da sua falta de maturidade política", alegou Montenegro, virando-se para o líder do Chega, que classificou de "bazófias".
Montenegro acusou também André Ventura de "imaturidade e inconsistência", além de "achar que pode fazer tudo e os outros não podem fazer nada".
Na resposta, Ventura voltou a alimentar a ideia de que chegará à chefia do Governo. "Eu não estou aqui para estar ao seu lado, estou aqui para estar no seu lugar de primeiro-ministro", respondeu André Ventura, que na altura das eleições legislativas de março insistiu na celebração de um "acordo de governo" com o PSD.
Sobre as coligações negativas dos partidos no parlamento, que têm aprovado medidas contra a vontade do Governo, André Ventura deu como exemplo as portagens.
O líder do Chega acusou o executivo de não querer abolir o seu pagamento e indicou que o seu partido estará sempre "ao lado" dos portugueses que têm esta despesa.
André Ventura assinalou também que o Governo "anunciou cinco pacotes de medidas" mas "só entregou seis diplomas no parlamento", acusando o executivo de "anunciar medidas de cartaz".
"Um Governo que queria reformar o país inteiro, anda a fugir ao parlamento e não quer governar", acusou, defendendo que o executivo "quer falhar ao que disse na campanha eleitoral" e que o parlamento não vai permitir.
Luís Montenegro afirmou que o Governo quer "cumprir o seu programa", mas também tem "capacidade para o combate político".
Sobre as portagens, o primeiro-ministro acusou o Chega de ter alinhado "num oportunismo completo com o PS" e de "falta de estratégia e sentido nacional".
"Uma coisa é fazer discriminação positiva de um território. Nós fizemos, propusemos uma redução em 50%", afirmou, indicando que o Chega e o PS querem isentar apenas alguns portugueses e "todos os outros apagam e pagam bem".
"A abolição de portagens foi seletiva mesmo nas SCUT, não foi para todas", acrescentou.
O primeiro-ministro referiu também as eleições europeias do passado dia 09 de junho, questionando "a quem é que correu mal".
Mais à frente, Luís Montenegro assinalou que na noite eleitoral das europeias reconheceu a derrota mas a AD manteve a representação e ficou "muito perto de a fazer crescer".
E considerou que o líder do Chega "tem todo o direito de ter a ambição de querer ser primeiro-ministro", mas "não tem é sustentação" face aos "objetivos que traça".
Referindo que André Ventura traçou como objetivo o Chega vencer as eleições europeias, mas "em termos de resultado global ficou a 23%, e em termos de desempenho individual tinha de mais do que triplicar o seu 'score' para atingir objetivo".
"Com que autoridade política quer fazer esta discussão?", questionou.
André Ventura respondeu que o PSD "perdeu para o PS", quanto o seu partido "tinha zero eurodeputados e passou a ter dois" e referiu o resultado das últimas legislativas, afirmando que o Chega "triplicou o resultado", enquanto Montenegro "teve menos do que a anterior liderança, de Rui Rio".
No início da sua intervenção, o líder do Chega apontou também críticas aos socialistas, considerando que é "o pior PS de sempre" por ter "atacado a justiça".
"Quando a justiça toca a uns está tudo bem, mas quando toca aos políticos mobilizam-se para tentar controlá-la", acusou.
[Notícia atualizada às 18h55]
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