O antigo ministro das Infraestruturas João Galamba saudou a nomeação do antigo primeiro-ministro português António Costa para presidir ao Conselho Europeu, defendendo que esta escolha é "uma péssima notícia para quem tem uma ideia utópica e irrealista da Europa" e "uma extraordinária notícia para quem conhece a Europa".

Na CNN Portugal, na quinta-feira à noite, Galamba enalteceu que Costa "tem as caraterísticas e as capacidades necessárias para este dificílimo trabalho, que é, no fundo, engendrar união a partir da total desunião".

O antigo ministro - que fez parte do Executivo de António Costa entre 2018 e 2023 - considerou que, "ache-se o que se achar da sua personalidade", o ex-primeiro-ministro "tem esta caraterística, tem a criatividade e capacidade suficiente para, das situações mais bizarras e estranhas engendrar uma união", e "é exatamente disso que a União Europeia precisa".

"Tendo em conta os desafios, até contraditórios, que enfrentamos, de defesa, migrações, transição energética, a competitividade e resiliência do posicionamento da Europa face ao mundo, num contexto de pluralidade sem união na Europa, e com alargamento que só vai agravar esses problemas, não consigo mesmo imaginar outra pessoa com a experiência política e executiva e a capacidade de olhar para esta barafunda e tentar criar um rumo comum", vaticinou Galamba.

O ex-ministro recusou estar a elogiar a escolha de António Costa para presidir o Conselho Europeu "pelo prestígio nacional", por ter trabalhado "pessoalmente" com ele ou por "ser uma referência no Partido Socialista", mas sim "por ser quem é, por ter feito o que fez".

"A Europa ficou a ganhar com a eleição de António Costa como presidente do Conselho [Europeu]", concluiu João Galamba.

Recorde-se que António Costa foi eleito na quinta-feira pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 1 dezembro de 2024, foi anunciado em Bruxelas.

A decisão foi adotada numa reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na qual os líderes da UE propuseram também o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que depende porém do aval final do Parlamento Europeu, e nomearam a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.

Após a demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português António Costa foi escolhido para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado do bloco europeu, numa nomeação feita por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).

António Costa é o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho.

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