Ventura acusa Montenegro de pensar "a toda a hora" em moções de censura
O presidente do Chega acusou hoje o primeiro-ministro de pensar em moções de censura "a toda a hora", enquanto Luís Montenegro disse que André Ventura "tem uma certa obsessão" por este instrumento, "mas não tem coragem" de apresentar.
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
Política Estado da Nação
"Sabe quais devem ser as palavras mais usadas nos últimos dias por si? Moção de censura. Só pensa nisso a toda a hora, acorda a pensar em moções de censura, deita-se a pensar em moções de censura a ver se o espírito de Cavaco Silva volta a descer nesta casa, se alguém lhe faz esse favor e se vai a caminho de uma maioria que só o senhor primeiro-ministro é que acredita e que só o senhor primeiro-ministro é que vive", afirmou, na primeira ronda de intervenções no debate sobre o estado da nação.
André Ventura respondeu também à acusação do primeiro-ministro, que disse na sua intervenção inicial que o Chega leva o PS às cavalitas.
"Até agora quem levou António Costa às cavalitas para Bruxelas foi o PSD e o senhor primeiro-ministro. Se há alguém que levou o PS às cavalitas não foi o Chega, foi o senhor primeiro-ministro que levou António Costa às cavalitas", afirmou.
O líder do Chega considerou que o PSD levou da mesma forma "o CDS inexistente para o parlamento também".
"Já estão habituados a esta coisa das cavalitas. É António Costa, é o PS, é o CDS. Vamos ver se em breve não é a IL. É tudo o que for, e mesmo assim tudo não chega", disse.
André Ventura desafiou também Luís Montenegro a esquecer as eleições e "a sua arrogância com o parlamento".
"Quero garantir-lhe com 100% de fidedignidade que nunca me deitei a pensar numa moção de censura, numa acordei a pensar numa moção de censura, nunca sonhei, mas registei que quando se baliza aquilo que são as regras de funcionamento da democracia, o senhor deputado tem uma certa obsessão por esse instrumento que é a moção de censura, mas não tem coragem de o utilizar, na mesma linha que fez para aprovar o IRC do PS e a abolição das portagens do PS", respondeu o primeiro-ministro.
Luís Montenegro considerou também que "não deixa de ser irónico que a principal acusação relativamente à postura do primeiro-ministro seja coincidente entre os senhores deputados Pedro Nuno Santos e André Ventura", referindo-se às acusações de arrogância.
O primeiro-ministro defendeu que "há um programa de governo que tem de ser executado" pois não foi rejeitado pelo parlamento.
O líder do executivo defendeu que a "não rejeição" do programa do Governo "equivale a dar a oportunidade para que o Governo execute o seu programa" e que "há partidos políticos que interpretam como chantagem" e acham "que são obrigados a provar tudo", dizendo que não é o caso.
"Temos mostrado abertura para em algumas matérias, não deturpando o objetivo principal das medidas do Governo, podermos chegar a acordo. Mas a realidade nua e crua é que quer o PS quer o Chega não quiseram chegar a acordo com o Governo porque preferiram entender-se um com o outro", criticou.
Neste primeiro pedido de esclarecimento após a intervenção inicial do chefe de Governo, o líder do Chega disse que o executivo de "todas as semanas apresenta panfletos", mas as medidas não são postas em prática.
"Tínhamos um Governo que queria governar para os pobrezinhos, agora temos um Governo que quer governar para os ricos. No meio temos um partido que quer governar para a classe média", salientou.
André Ventura acusou o PSD de falhar aos compromissos eleitorais no controlo da imigração, portagens ou o suplemento de missão para as forças de segurança, e apontou que o Chega apresentou propostas neste sentido. Devolvendo a expressão utilizada pelo primeiro-ministro, disse que "palavra dada é palavra honrada", e pediu a Montenegro para "falar do que interessa", como saúde ou justiça.
[Notícia atualizada às 11h06]
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