O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Marques Mendes, considerou, este domingo, que Joe Biden "já não tinha nenhuma alternativa" a não ser renunciar à corrida à Casa Branca.
Biden estava sob forte pressão para abandonar a sua candidatura, numa altura em que se especulava muito o estado da sua saúde.
"Já não tinha nenhuma alternativa depois do que aconteceu principalmente esta semana. Já tínhamos tido, há umas semanas, o fracasso de Biden no debate contra Trump e, a partir daí, a situação complicou-se. Esta semana deixou de ter escapatória. Dois terços dos democratas, as principais figuras do partido, como Barack Obama, estavam a favor da desistência de Biden", começou por dizer Marques Mendes no seu espaço de comentário no 'Jornal da Noite', da SIC.
Na sua opinião, "esta é a saída mais humilhante dos últimos tempos", uma vez que "não tem nada de digna" e "Biden foi empurrado" a fazê-lo, tendo sido a atitude mais "óbvia" a tomar.
E agora, quem será o seu sucessor? A vice-presidente dos EUA anunciou a sua candidatura à presidência do país. Contudo, para Marques Mendes, Kamala Harris não ganhou "peso, estatuto e popularidade" porque já "teria sido a candidata a presidente há um ano".
"Ela não conseguiu em quatro anos ganhar estatuto e tem muitos anticorpos em alguns eleitores. Ela tem a vantagem de que vai mobilizar o aparelho do partido Democrata, mas tem muita dificuldade em entrar no eleitorado", considerou o comentador.
Agora, as luzes mediáticas que estavam totalmente viradas para Donald Trump vão ser divididas com os Democratas e vai levar a que a campanha dos Republicanos tenha de ser atualizada.
"O discurso de Trump era concentrado em Biden, que ele não tem condições, já não tem idade, não tem energia, está frágil e já não tem força... e este discurso tem de mudar", comentou.
Questionado sobre a atitude de desdém de Trump relativamente a Kamala, Marques Mendes considerou que "esse é o papel dele, o de desvalorizar" o seu rival, mas que o "efeito novidade" que traz deverá preocupar os Republicanos.
"O efeito novidade tem sempre uma grande vantagem política. Ou seja, eu diria que a saída de Biden é uma condição necessária para que os Democratas possam tentar ganhar a eleição, embora seja muito difícil. [Mas] com Biden estava tudo perdido. Sem Biden tudo pode ficar novamente em aberto", concluiu Marques Mendes.
De recordar que Joe Biden desistiu da corrida à presidência dos Estados Unidos, declarando, através de um comunicado de imprensa, que acredita ser "do interesse do partido e do país" que se "afaste e concentre apenas em servir como presidente durante o resto do mandato". Também anunciou o seu "total apoio" à sua vice-presidente para ser "a candidata" escolhida pelo partido Democrata.
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