Maria Luís Albuquerque, "agente da 'troika'" ou "excelência"? As reações

Da Esquerda à Direita, passando por Belém e com 'pulo' em Bruxelas, na Bélgica, eis as reações à escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia.

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© Chris Ratcliffe/Bloomberg via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
28/08/2024 18:00 ‧ 28/08/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Maria Luís Albuquerque

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou esta quarta-feira que Maria Luís Albuquerque é o nome proposto para o cargo de comissária europeia, substituindo assim Elisa Ferreira em Bruxelas.

 

À medida que a informação tem vindo a ser 'digerida', há muitas reações que têm vindo a surgir: de um regresso ao passado, já que Maria Luís Albuquerque foi ministra de Pedro Passos Coelho no período da 'troika', mas também com elogios.

Montenegro referiu ainda que o processo foi tratado "com descrição e recato desde antes das eleições europeias de junho".

O nome causou mesmo algum desconforto à Esquerda, que pediram uma audição parlamentar da antiga ministra do Estado e das Finanças. Para além dos partidos, também houve outros responsáveis a reagir a este nome... mas vamos por partes:

A reação dos partidos

O Bloco de Esquerda começou por recordar o passado, criticando a escolha do Governo, e caracterizando Maria Luís Albuquerque como "agente da troika no Governo português" e uma das "principais autoras dessa política de destruição social", mostrando-se disponível para ouvir a antiga ministra das Finanças na Assembleia da República.

"Maria Luís Albuquerque é uma representante da política da 'troika' em Portugal, da destruição social, mas também da má gestão dos fundos públicos que beneficiaram o sistema financeiro", considerou o bloquista Fabian Figueiredo.

Paula Santos, líder parlamentar do PCP, juntou-se às críticas ao Governo e sublinhou que Maria Luís Albuquerque foi membro de um executivo de "má memória para os trabalhadores e para o povo português", defendendo que uma eventual audição parlamentar seria uma "boa oportunidade" para questionar a antiga ministra.

O Livre, através do deputado Jorge Pinto, criticou também o papel da candidata a comissária nos tempos como ministra e o Governo por falta de diálogo nesta escolha, anunciando que o partido vai pedir a audição parlamentar de Albuquerque para que possa explicar a sua visão para o projeto europeu.

Já o PAN criticou também a escolha e disse que entregou um requerimento na Assembleia para ouvir a antiga ministra na Comissão de Assuntos Europeus. Segundo a porta-voz do partido, Inês Sousa Real, a falta de diálogo do Governo em relação a esta escolha é "especialmente grave e criticável num contexto em que pouco se sabe sobre o que pensa a Dr.ª Maria Luís Albuquerque sobre a UE e os desafios que se lhe colocam".

A Iniciativa Liberal reconheceu as competências da candidata a comissária europeia para o cargo que vai desempenhar. A liberal Mariana Leitão deixou mesmo um apelo para que sejam promovidas políticas europeias protetoras das liberdades individuais e pediu uma estratégia para Portugal responder à redução dos fundos europeus resultante do alargamento da União Europeia.

E os partidos do Governo?

O social-democrata António Rodrigues considerou que as críticas da Oposição em relação à falta de diálogo eram injustas, defendendo que a decisão dizia respeito ao Executivo.

"Achamos que a Oposição está aqui a elaborar um erro, porque está a tentar partidarizar algo que, normalmente, é consensualizado até na sociedade portuguesa (...) qualquer crítica que se pretende fazer projetando a política nacional para uma dimensão europeia é um erro crasso", afirmou.

Já do lado do CDS, Paulo Núncio saudou a escolha, reconhecendo Maria Luísa Albuquerque pela experiência política adquirida quando "foi chamada a dirigir os destinos de Portugal num momento particularmente difícil, provavelmente um dos mais difíceis da nossa história e garantiu que os centristas foram ouvidos a propósito desta decisão do Governo.

Também o presidente do partido, Nuno Melo, saudou a escolha. "Pela capacidade técnica e pela experiência política e governativa, Maria Luís Albuquerque estará certamente à altura das importantes tarefas para que será chamada em representação de Portugal na Comissão Europeia, ao serviço dos povos europeus. Muito sucesso", escreveu na rede social X, antigo Twitter.

E para além do Parlamento?

Também o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou esta escolha de uma forma breve. "O Presidente da República felicitou pessoalmente a Dra. Maria Luís Albuquerque pela sua designação pelo Governo português como candidata a membro da Comissão Europeia para o mandato 2024-2029", lê-se na nota publicada no site da Presidência.

Também Elisa Ferreira, que ocupou o cargo no último mandato, deixou uma palavra à sua sucessora no cargo, desejando-lhe as "maiores felicidades". "Desejo as maiores felicidades à comissária portuguesa indigitada, Maria Luís Albuquerque. Bom trabalho no fortalecimento da construção europeia e em prol do interesse nacional", lê-se numa publicação partilhada nas redes sociais.

Também o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, reagiu a esta escolha. O autarca sublinhou Maria Luís Albuquerque tinha as características "técnicas, políticas e internacionais que são chave para ser comissário europeu".

Em declarações à SIC Notícias, Moedas, que foi comissário europeu entre 2014 e 2019, criticou a Oposição, garantindo que a antiga dirigente já tem a experiência necessária para um cargo europeu e que é conhecida em instituições internacionais. "Já tem essa vantagem, conhecimento e reconhecimento. As pessoas da Comissão sabem quem ela é e sabem que é uma mulher capaz e, portanto, penso que ela vai ser uma excelente comissária europeia".

O autarca da CML foi ainda questionado sobre se a possível pasta para Albuquerque deveria ir no caminho financeiro, mas Moedas sublinhou que "ela pode fazer cargos muito diferentes". "O que é preciso é ter qualidade política para gerir equipas e atingir objetivos e isso é aquilo que é pedido num comissário", apontou.

O antigo comissário sublinhou ainda que "há uma alta probabilidade de que Maria Luís Albuquerque seja do círculo mais próximo de Ursula von der Leyen, por tudo aquilo" que conhece das duas, acrescentou.

Também a eurodeputada socialista Ana Catarina Mendes comentou a escolha, recorrendo às redes sociais. "Ao ouvir o anúncio da nova Comissária Europeia, lembrei-me do 'aritmeticamente impossível' para relembrar que, sim, estava mesmo enganada a Dra. Maria Luís Albuquerque. Mas não posso esquecer que a nova Comissária negociou, com a Comissão Europeia, em 2014, o corte permanente nas pensões no valor de 600M€ ou mesmo que o país estava em Procedimento de Défice Excessivo ou ainda a situação catastrófica do sistema financeiro português (BES, BANIF e CGD)… Será tudo isto curriculum para ser Comissária Europeia?', escreveu.

Leia Também: Quem é Maria Luís Albuquerque, a escolhida para nova comissária europeia?

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