"Eu entendo que a doutora Maria Luís Albuquerque tem o currículo e qualidades que lhe permitirão exercer as funções de membro da Comissão Europeia e aproveito para a felicitar pela sua designação e desejar-lhe a melhor das sortes, como acho que todos o devemos fazer, porque é uma portuguesa que é chamada a desempenhar um importante cargo internacional", disse à Lusa António Vitorino.
O ex-comissário europeu para a Justiça e Assuntos Internos acrescentou ainda que esta nomeação acontece numa altura em que a Europa está confrontada com muitos desafios "e em que manifestamente é necessário reforçar a unidade e a coesão de todos aqueles que se reveem no projeto europeu".
Antigo ministro e deputado do Partido Socialista, Vitorino observou ainda que teria "sido mais prudente da parte do primeiro-ministro [Luís Montenegro] ter procurado um maior consenso em torno do nome".
"Mas a competência nesta matéria é do primeiro-ministro e ele exerceu-a da forma que entendeu que deveria ter exercido e a partir do momento em que o órgão com legitimidade constitucional, que é o Governo, toma a decisão, é obviamente a posição portuguesa", vincou António Vitorino.
O ex-comissário europeu falava à Lusa em Miranda do Douro, no distrito da Bragança, à margem do "Summer CEmp", a escola de verão da Representação da Comissão Europeia em Portugal, que decorre nesta cidade transmontana até sábado e onde é orador.
Maria Luís Albuquerque, 56 anos, foi ministra de Estado e das Finanças durante o período em que Portugal estava sob assistência financeira da 'troika', sucedendo a Vítor Gaspar em julho de 2013 e mantendo-se até final do executivo liderado por Pedro Passos Coelho.
No PSD, foi vice-presidente durante a liderança de Passos Coelho e cabeça de lista dos candidatos a deputados pelo PSD em Setúbal em 2011 e 2015.
Atualmente é membro do Conselho Nacional do PSD -- segundo nome da lista da direção de Luís Montenegro, logo a seguir a Carlos Moedas -, e membro do Conselho de Supervisão da subsidiária europeia da empresa norte-americana Morgan Stanley.
O PS considerou na quarta-feira que Maria Luís Albuquerque tem um legado de "política de austeridade" e um perfil político distinto das prioridades da União Europeia, criticando a ausência de auscultação aos partidos.
"É um perfil que, no plano técnico, pode eventualmente representar aquilo que o Governo deseja, mas politicamente está diametralmente num campo distinto das opções e das prioridades que a União Europeia terá neste momento", disse aos jornalistas o vice-presidente do PS, Pedro Delgado Alves.
O socialista lamentou que no processo decisão do Governo PSD/CDS-PP não tenha havido uma auscultação prévia aos partidos, o que "teria sido democraticamente mais saudável e desejável".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu na quarta-feira que Maria Luís Albuquerque passou a ser a candidata de Portugal a comissária europeia a partir do momento em que foi escolhida pelo Governo.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou ainda que nesta escolha do Governo, apenas foi "informado e não consultado".
O Presidente da República disse ainda que não comenta as posições dos partidos, justificando que, "como em tudo na vida, há quem concorde e quem discorde", mas não tem de se pronunciar.
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