Em declarações aos jornalistas na Festa do Avante! - que decorre este fim de semana na Quinta da Atalaia, no Seixal -, Paulo Raimundo foi questionado se um eventual acordo orçamental do PS com o Governo da Aliança Democrática (AD) poderia prejudicar as relações do PCP com os socialistas.
Na resposta, o líder do PCP disse que não "prejudica nada" e recordou que, em 2021, o PCP chumbou a proposta de Orçamento do Estado do Governo PS para 2022 porque não dava resposta "a três questões fundamentais: acesso à saúde, salários e habitação"
"Foram as três questões que nos levaram a chumbar [o Orçamento] do PS. Curiosamente, são questões sobre as quais o Orçamento que está a ser cozinhado, a ser discutido, não vai dar resposta. Portanto, cada um vai ter de assumir as suas responsabilidades", afirmou.
Após Pedro Nuno Santos ter avisado que não aprovaria um Orçamento que incluísse os regimes de IRS Jovem e IRC propostos pela AD, Paulo Raimundo considerou que "não é um bom começo avançar com chamadas linhas vermelhas, peito feito, mas depois, aquilo tudo espremido, são serviços mínimos".
"Na prática, são serviços mínimos e nós estamos concentrados é em resolver o problema das pessoas: salários, pensões, saúde, habitação, direitos das crianças. Esta é a questão fundamental que se coloca e, infelizmente, nós estamos perante uma discussão que concentra todas as horas, todo o comentário, todas as perguntas e declarações em torno da forma, mas ninguém se atreve a falar do conteúdo", disse.
O secretário-geral do PCP afirmou ainda que o que se tem visto desde que o Governo tomou posse é "pegarem em tudo o que era mau do Governo anterior e aplicar, intensificar".
"O que é que eu quero dizer com isto? Que há uma política que se percebe e se intensifica - de forma até muito acelerada - e nós não vamos estar a pôr por baixo de uma política que é errada. Foi errada há dois anos, é errada hoje e quer-se intensificar. Connosco, a essa política, só combate", frisou.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo voltou ainda a ser questionado sobre o quadro plurianual das despesas públicas remetido esta sexta-feira pelo Governo ao parlamento, em que se prevê um aumento em 19,3% do limite total da despesa para 2025.
Na resposta, o líder do PCP voltou a dizer que o grosso do aumento da despesa vai ser para "juros comissões bancárias e dívida do país" e acrescentou que teve a experiência com o PS de "anos e anos de apresentação de despesa que depois nunca é executada".
"São as chamadas e as famosas cativações. Portanto, isso não nos diz nada. Esse aumento de despesa, essa previsão, não nos diz nada", afirmou.
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