O socialista João Galamba comentou, na quinta-feira, as 'polémicas' que têm rondado a proposta do Orçamento do Estado esta semana, nomeadamente, a reunião entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o líder do PS, Pedro Nuno Santos, que se reúnem esta sexta-feira - depois de vários 'desencontros' na agenda, e uma troca de comunicados bem 'acesos'.
Também as 'reuniões secretas' entre o Executivo e o Chega foram tema - a que, na opinião do antigo governante, se deve prestar mais atenção.
"Pelas 'linhas vermelhas' definidas pelo Partido Socialista e pela importância do lado do Governo em concretizar essas medidas, nomeadamente, a nível da descida da taxa do IRC, e do IRS Jovem, não vejo como é que possa haver um acordo em torno destas matérias", afirmou no seu espaço de comentário na CNN Portugal, quando questionado sobre se acreditava num acordo já 'fechado' esta tarde esta tarde.
"No entanto, como esta dança dos últimos tempos entre vários partidos inclui também o Chega - e com a ameaça do Presidente da República de que havendo um chumbo do Orçamento do Estado, haverá eleições - parece-me que, dos três partidos, o que tem a perder a ir para eleições será o Chega", considerou.
O antigo ministro das Infraestruturas explicou a sua análise, recordando que o PS teve cerca de 28% dos votos e que, a seu ver, "não tem muito por onde descer". "O único incentivo que Luís Montenegro terá para esticar a corda e forçar eleições será a expetativa de ir buscar votos ao Chega. Não estou a ver onde poderá ir buscar votos a outro partido", afirmou.
Ainda em relação à proposta orçamental, que tem de ser entregue no Parlamento até 10 de outubro, Galamba defendeu que devia ser prestada mais atenção ao partido liderado por André Ventura, e às suas declarações, dado que "depois de certezas bastante veementes de que jamais aprovaria" este OE, "parece ter vindo a recuar". "E parece-me que ele vai continuar a recuar até à aprovação final. Isto é mesmo quem é que tem mais a perder", reforçou, sublinhando que André Ventura perderia parte do seu grupo parlamentar caso houvesse uma ida às urnas.
"Eu prestaria mais atenção em termos de conteúdo e da possibilidade de um acordo entre as conversas mais e menos visíveis entre Governo e o Chega, do que à reunião", apontou.
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