Luís Marques Mendes afirmou, este domingo, que o líder do Chega, André Ventura, tem de divulgar as provas que diz ter sobre o acordo proposto pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, para viabilizar o Orçamento do Estado (OE) para 2025. No entanto, apesar de reconhecer que é a "palavra de um contra a do outro", o social-democrata lembrou que "a credibilidade de um não é igual à credibilidade do outro".
"Se André Ventura tem provas, então ele que as ponha cá fora. É ele que faz a acusação", atirou, no seu habitual espaço de comentário na SIC, antes de deixar a sua opinião sobre o assunto. "Formalmente, é a palavra de um contra a palavra do outro. Na prática, não é bem assim porque a credibilidade de um não é igual à credibilidade do outro".
Marques Mendes lembrou que Montenegro "chegou ao Governo e cumpriu aquilo que tinha prometido, disse 'não é não' na campanha eleitoral e aplicou no poder 'não é não'", ao passo que André Ventura "passa a vida a fazer piruetas de discurso". "Um tem credibilidade, o outro não tem", atirou.
Em causa, recorde-se, está uma entrevista de André Ventura à CNN Portugal, na qual adiantou que, ao longo das últimas semanas, Montenegro lhe apresentou um acordo "para este ano" que "admitia que o Chega viesse a fazer parte do Governo". O primeiro-ministro apressou-se a desmentir a acusação, afirmando que "nunca o Governo propôs um acordo com Chega".
Luís Montenegro respondeu a André Ventura na rede social X: "É grave mas não passa de Mentira e Desespero", asseverou, após o líder do Chega ter avançado em entrevista à CNN Portugal que o "primeiro-ministro estava disposto a que Chega viesse a integrar Governo".
Notícias ao Minuto com Lusa | 21:30 - 10/10/2024
Além disso, explicou Marques Mendes, "não faz sentido" que Montenegro venha agora propor um acordo com o Chega, numa altura em que "as coisas lhe correm bem" e que tem a "simpatia popular".
Para o social-democrata, a polémica trata-se de um 'fait-diver' porque "André Ventura andava pressionado e precisava de desviar as atenções". E acrescentou: "André Ventura é uma pessoa com talento político e teve mérito no resultado das eleições de 10 de março. Ter 50 deputados é obra, mas também é responsabilidade. Acho que ele não está a saber lidar com a responsabilidade de ter crescido tanto".
Luís Marques Mendes traçou uma comparação entre Ventura e o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, considerando que ambos sentem "um desconforto" em relação ao Orçamento do Estado.
"Pedro Nuno está desconfortável com a ideia de perder autonomia estratégica e poder ser acusado de ser muleta do Governo. André Ventura tem o desconforto de poder ir a eleições e perder 10, 15, 20 ou 25 deputados", disse, acrescentando que, por seu turno, o primeiro-ministro "está numa situação confortável" tanto com a aprovação do Orçamento ou com eleições.
Críticas de Montenegro aos jornalistas? "Já deve estar arrependido"
Sobre as declarações de Luís Montenegro na apresentação do Plano de Ação do Governo para a Comunicação Social, em que acusou os jornalistas de usarem auriculares para lhes "soprarem perguntas" ao ouvido, Marques Mendes disse que o primeiro-ministro "já deve estar arrependido" e que tal "foi escusado e não lhe saiu bem".
"Criou um ruído… As coisas estão a correr-lhe tão bem, para que é que foi criar um ruído? Era tudo escusado", lamentou.
Considerando, contudo, que se trata de um "plano corajoso" porque "há anos que se fala da necessidade de fazer alguma coisa por causa da crise série da comunicação social" e o "governo anterior nunca o fez".
Luís Marques Mendes rejeitou a ideia de que o Plano de Ação do Governo para a Comunicação Social irá "matar a independência" dos meios de comunicação. "Se o Governo pensa que vai 'comprar' a independência de uma rádio, de um jornal ou de uma televisão, eu acho que se vai dar o efeito totalmente ao contrário. Para fazer prova de independência, as redações até são mais exigentes", atirou.
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