O congresso, cuja expectativa esmoreceu depois da promessa de viabilização do orçamento pelo PS, foi marcado ainda pela demarcação relativamente aos socialistas -- muito evidente na intervenção inicial, no sábado, de Luís Montenegro -- e ausência de novidades quanto aos próximos combates eleitorais, as autárquicas de 2025 e as presidenciais de 2026.
De permeio, ficou a saber-se que o cabeça de lista da AD nas europeias, Sebastião Bugalho, e a dirigente associativa Ana Gabriela Cabilhas (que interveio pelo PSD na cerimónia parlamentar dos 50 anos do 25 de Abril) se inscreveram no partido pela mão do próprio Montenegro.
As sete medidas hoje anunciadas pelo presidente do partido são relativas ao ambiente, com projetos de infraestruturas de água, à segurança, dando mais visibilidade nas ruas a "equipas multiforças", à violência doméstica, com mais proteção às vítimas e à reabilitação urbana na Área Metropolitana de Lisboa, em especial no arco ribeirinho sul e na zona de Oeiras a Loures.
Os temas da educação, saúde e imigração são o foco das restantes medidas. Na educação, o destaque foi para o anúncio de novos contratos de associação com o setor privado e social na área do pré-escolar e a revisão dos programas do ensino básico e escolar, em especial da disciplina de cidadania, a fim de a livrar das "amarras ideológicas" e dos "projetos de fação" -- a passagem mais aplaudida do seu discurso.
No domínio da imigração, o primeiro-ministro anunciou a construção de dois centros de instalação temporária em Lisboa e no Porto para acolher casos de imigração ilegal ou irregular e o lançamento de um programa de atração de talento no estrangeiro para empresas e instituições de ensino superior.
Na área da saúde, Luís Montenegro apresentou uma medida que, segundo ele, abrangerá apenas cerca de 150 mil portugueses, mas que visa o fornecimento de medicamentos nas farmácias de proximidade.
A intervenção final de Montenegro marca o início de um novo ciclo político de um governo que, com aprovação prometida do orçamento para 2025, tem vida garantida para mais ano e meio.
Com este congresso o PSD ganha ainda novas caras no núcleo duro do partido, consumando-se a separação entre a Comissão Permanente e o Conselho de Ministros.
Pelo congresso de Braga passaram os antigos presidentes do PSD Pedro Santana Lopes e Luís Marques Mendes, que continuou sem confirmar a sua candidatura a Belém.
Outra das marcas da reunião magna do PSD foi a unanimidade em torno de Montenegro, que até teve direito a uma passadeira com fotografias do seu percurso político desde que é líder do partido e viu a sua moção estratégica aprovada com 100% dos votos.
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